Este texto se organiza em torno da leitura e da análise de um conjunto de cartas
escritas por António Lobo Antunes durante a sua permanência em missão militar, entre os anos
de 1971 e 1973, na guerra colonial portuguesa em Angola. Essas cartas expõem um olhar
particular sobre a guerra colonial, conjugando relatos de acontecimentos e situações de guerra,
com paisagens e personagens marcadas pelo medo e pela angústia. Ao articular impressões e
registros sistematicamente rasurados na coesa narrativa dos aparelhos de comunicação do
Estado, compondo, assim, um quadro dissonante, podemos destacar registros referentes às
oscilações entre a consciência do tempo da comissão e o tempo da escrita nas cartas.
Palavras-chave: António Lobo Antunes; Guerra colonial em Angola; Cartas de Guerra