Já se avançou bastante nas discussões acerca da configuração de voz, sujeito e
linguagem na obra de Ana Cristina Cesar; no entanto, sua poética carece ainda de mais leituras
estruturais de fôlego que coloquem em pauta suas experiências formais: afinal, para citar apenas
o óbvio, nela se vislumbram inúmeras faces do verso e um reavivamento do poema em prosa. É
com este objetivo que, por meio da análise métrica, fonética e semiótica de um poema de Cenas
de abril (“olho muito tempo o corpo de um poema”), proponho oferecer uma contribuição aos
modos de olhar o constructo poético de Ana C. Para isso, servirão de apoio, além da fortuna
crítica da autora, estudos de versificação de Cavalcanti Proença (1955) e Péricles Eugênio da
Silva Ramos (1959); observações de Paulo Henriques Britto (2014) sobre o verso livre; e
reflexões de Décio Pignatari (2004) acerca da natureza icônica do verso.
Palavras-chave: Ana Cristina Cesar; Ritmo e poesia; Verso livre; Iconicidade; Poesia brasileira contemporânea.