Em 1979 foi publicada a primeira edição no Brasil de Poemas do povo da noite, obra
em que Hamilton Pereira da Silva, sob o pseudônimo Pedro Tierra, deu ao público uma poesia
que se constituía em relato e denúncia da tortura sofrida nas prisões da ditadura militar. Seus
versos, em que de forma metalinguística nos são apresentadas as tensões de um fazer poético que
passa, como afirmou Jeanne Marie Gagnebin, pela “necessidade absoluta do testemunho e,
simultaneamente, pela sua impossibilidade linguística e narrativa” (GAGNEBIN, 2003, p. 106),
são objeto central deste trabalho, em que pretendo tecer algumas reflexões sobre a potência de
um texto que se dobra sobre a sua condição de “documento” e artefato estético.