Velha roupa colorida é o título de uma canção de Belchior, mas poderia ser – numa
chave de leitura irônica – o subtítulo de “Marcela Temer: bela, recatada e do lar”, da revista
Veja; pois, apesar da roupagem contemporânea, tal figurino data de séculos, fazendo ressurgir
justamente aquilo que o autor de Ressurreição apontava em 1872: o predomínio do machismo
cordial. Nosso argumento baseia-se na hipótese de que a atualização do figurino romântico
(bela, recatada e do lar) revela a modernidade do romance, claro: menos em relação à forma e
mais em relação à matéria ficcional – a instituição do casamento como engodo, especialmente
para as personagens femininas.
Palavras-chave: Brasil; Romantismo; Romance; Tradição; Machado de Assis.