A peça A morte de Danton, de Georg Büchner parece mobilizar e confundir diversas
temporalidades distintas. A superação do destino trágico aparece constantemente como uma
possibilidade para Danton, mas quando a morte é iminente, seus amigos o acusam de preguiça.
Aceita assim seu desfecho dramático, é dócil ao destino. Renegando a possibilidade da tragédia,
a atitude de Danton, e a peça de Büchner, reinserem a Revolução Francesa, com todo o seu
potencial mítico, no tempo histórico e burguês do humanismo moderno. A partir de uma
reflexão sobre as diferentes temporalidades suscitadas pelos diferentes dêneros literarios,
buscarei lançar luz sobre o nexo entre destino e revolução, a partir da peça A morte de Danton.