Em “O salto no vazio” (1960), Yves Klien se joga para o risco, braços abertos, cabeça
levantada. Ele não mergulha para o chão, mas o chão está lá. É possível percebê-lo com toda a
parte anterior do corpo. Todo o corpo vê, ainda que seus olhos estejam direcionados para o céu.
Com o salto, Klien une o cotidiano ao extraordinário, vida e arte. Salta a arte representativa em
direção à arte de performance. O salto pertence à escrita literária. Não apenas as mãos saltam
entre palavras e páginas, dedos saltam nas teclas. Há narrativas que quebram a noção de tempo
linear e cronológico e de espaço, um intervalo delimitado, e, assim, criam novas experiências
literárias. Este trabalho se propõe a pensar o gesto de saltar na literatura.