Na peça de teatro Jacques e seu Amo, Kundera faz homenagem à Denis Diderot, por
meio da variação da peça, de 1776, Jacques, o Fatalista, e seu amo. Essas obras originais dialogam
pela transgressão da unidade narrativa e pelo culto à liberdade. Duas inteligências, dois projetos
estéticos, unidos pelo jogo. A regras são o riso, a liberdade, a sexualidade e a dúvida. Kundera
usa da polifonia, de empréstimo da música, onde simultaneamente as histórias de amor acontecem
na mesma cena. Ainda ironiza a criação literária, o poder do autor, na discussão sobre o "Nosso
Amo", uma referência à Kundera em débito com Diderot, de quem, ambos herdam de Boccace e
de Rabelais o poder da fabulação e riso em uma viagem que segue avante. E avante é para todos
os lados, enfim, alguém sabe para onde vai? E importa de onde viemos?