Este texto coloca em relevo a relação simbiótica entre o espaço e o indivíduo, em que
um exerce influência substantiva sobre o outro. Tal fenômeno, recorrente na narrativa do
escritor angolano José Luandino Vieira, aponta para a questão da imagem social das suas
personagens e para a relação destas com o seu local de convivência. No geral, subvertendo a
tendência ocidental da glamourização da condição financeira das pessoas, a ficção luandina
confere visibilidade a elementos socialmente excluídos, sem recursos e marginalizados em
Angola. E isso configura-se como uma das marcas da assumida postura combativa do escritor
contra o legado que a colonização portuguesa deixou no continente africano como um todo.