A literatura de fundação nacional brasileira e argentina vive uma contradição. De um
lado, busca designar um monstro que personagens e leitores possam combater unanimemente,
transferindo para ele todo o mal. De outro, explicita o mecanismo que faz com que o monstro designado
seja apenas um bode expiatório, parte de um ciclo retributivo de violência. Esse impasse está presente
em Facundo (1845), de Domingo Sarmiento, obra jornalística que atribui a barbárie ao caudilho
Facundo Quiroga, e em O Guarani (1857), de José de Alencar, em que os aimorés passam de justos
vingadores a monstros disformes.