O século XX, definido por Eric Hobsbawm como a “era das catástrofes” viu a
emergência, na Europa ocidental, de sistemas políticos totalitários. Nesse contexto, no âmbito
literário, é possível destacar uma série de obras que, a posteriori, questionam a memória histórica
a partir do trauma. É o caso, entre outros, de Os Cus de Judas (1979), de António Lobo Antunes,
e Tristano Muore (2004), de Antonio Tabucchi, romances que, representando os horrores da
guerra e o pós-guerra distópico, nos oferecem uma imagem crítica dos acontecimentos,
sintomaticamente contrastante com os relatos da historiografia oficial. Com o presente artigo,
proponho uma reflexão analítica acerca dos pontos de contato que podem estabelecer-se entre os
dois romances e, simultaneamente, entre escrita e memória traumática.
Palavras-chave: Memória; Guerra e Representação; Literatura Portuguesa; Literatura Italiana.