Este texto aborda o modo antecipatório com que Graciliano Ramos se autoficcionaliza
em Memórias do cárcere (2011), legando ao leitor uma narrativa a um só tempo híbrida, misto
de autobiografia, memória e ficção romanesca. Além de evidenciar a correspondência entre o
trânsito do alagoano por diversos estratos do campo social e o que ele expressa em seu projeto
literário, concentrando-se na ficcionalização dos excluídos, especialmente. Corrobora-se, assim,
a ideia que se tem do escritor Ramos, que integra o cânone ficcional brasileiro, desde a publicação
de Caetés, em 1933, considerado um dos autores mais participativos na vida pública, tanto como
artista quanto como intelectual, político e cidadão.