Uma das magnas contribuições de Poe para os debates de concepção da arte foi
ratificar a máxima de que “o como” narrar ou poetar é mais importante do que o evento
desenvolvido na narrativa ou no poema. O filme de Roger Corman, “The Raven” (1963),
assimila muito bem essa lição, ao concentrar-se em buscar um caminho próprio de
florescimento, e que não buscava converter imageticamente nem mesmo a essência do poema de
Poe para o cinema. Ao contrário, nega-lhe quase tudo, o corvo passa de melancólico a hilário e
ridículo. De tanto ouvirmos o nevermore ecoar do pássaro pelo poema de Poe e por uma vasta
tradição de intertextos, Corman opta por satirizar uma dimensão que no poema de Poe é quase
sacra.
Palavras-chave: “The Raven”; Poe, Roger Corman; Transcriação; Paródia.