No conto “O cão de Dürer” (2006), da escritora portuguesa Maria João Cantinho,
comparece a gravura renascentista Melencolia I, do alemão Albrecht Dürer, reconhecida
imagem iconoclástica da melancolia. Várias evidências corroboram a presença da gravura no
conto, desde a personagem feminina semelhante à figura central da obra düreriana (uma inerte
figura alada) até o cão com olhar perdido no infinito, ambas as aparições a sugerir um espírito
melancólico. O conto leva seu protagonista ao interior da gravura, que surge algo modificada,
agenciando assim uma ressignificação de Melencolia I, através da qual são atualizadas as
discussões de uma factível representação hodierna da melancolia.
Palavras-chave: Conto Português Contemporâneo; Albrecht Dürer; Melancolia.