Se comparada a outras literaturas nacionais, a literatura italiana nasceu atrasada, mas as circunstâncias que cercaram seu nascimento explicam e justificam a demora: um país que há séculos vivia sob o jugo estrangeiro, um país sem uma língua unificada precisava primeiro conseguir respirar para encontrar o fôlego necessário ao primeiro choro. Não obstante, quando a pena começou a traçar as primeiras linhas, um jorro de criação inundou as páginas e uma literatura feita de passado e presente iluminou o itálico povo. Todos os eventos dignos de nota foram contados e analisados minuciosamente, mas, para além do caráter de registro e análise, a literatura italiana resgatou e reescreveu a literatura mundial. Da Bíblia aos contos populares, a literatura italiana dialogou com diversos saberes e sabores, transformando um caldo de memórias num banquete digno das mil e uma noites. Nossa intenção neste percurso é rememorar essa trama intertextual de que se traveste a literatura que descende de Virgílio e de tantos outros nomes que engrandeceram a península itálica.