Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
OS DONOS VERSUS OS ORDINÁRIOS DA LITERATURA: POLÊMICAS E DISPUTAS LITERÁRIAS NA IMPRENSA DA DÉCADA DE 1930
WANESSA REGINA PAIVA DA SILVA, CARMEM LÚCIA NEGREIROS DE FIGUEIREDO
Nos anos de 1930 aparecem importantes periódicos que atuavam na divulgação da produção artística e literária nacional, em diálogo direto com a expansão do mercado editorial, bem como na ampliação dos debates acerca dos problemas sociais do país: como exemplo, temos os periódicos cariocas Boletim de Ariel, Revista Acadêmica, Dom Casmurro, Diretrizes e Cultura Política. Nesses veículos, em torno dos quais se organizavam grupos de intelectuais de diversas gerações e regiões do Brasil, fazia-se viva a discussão das tendências estéticas, além da presença dos temas relacionados aos conflitos ideológicos que emergiam naqueles anos, em que avançava o poder de regimes autoritários, o que ocorria também em terras tupiniquins com o governo Vargas e a implantação do Estado Novo, em 1937. Neste trabalho, iremos tratar de dois episódios que se deram nas páginas da imprensa e que se transformaram em polêmicas, evidenciando uma divisão presente no cenário literário daquela época. O primeiro diz respeito à oposição entre a literatura “do norte” e a “do sul” (que, por sua vez, envolvia diretamente um outro modo de configuração da divisão daquele cenário, em que se opunham os escritores identificados com as tendências do romance “social” e os do romance “psicológico”), principalmente, os escritores nordestinos Graciliano Ramos e Jorge Amado, de um lado, e, do outro, o católico Octávio de Faria, num período identificado por Luís Bueno (2006) como “o auge do romance social”. O outro episódio trata de um embate, que chamaremos o dos “Tostões” versus os “Contos de réis”, travado entre o consagrado líder modernista Mário de Andrade, então crítico literário do jornal Diário de Notícias, e o jovem Joel Silveira, jornalista e redator do hebdomadário Dom Casmurro, aos quais se juntaram ainda Jorge Amado, apimentando a questão ao se colocar ao lado de Silveira, e Graciliano Ramos, que, embora tenha colocado um ponto final na conversa, não o fez sem ironizar a divisão “monetária” criada pelo escritor paulista para classificar e valorizar nomes da produção nacional. Espera-se, com essa leitura, explicitar como tais discussões, mais do que agir na promoção dos livros e autores brasileiros, desempenhavam o papel de legitimação de grupos enquanto instâncias autorizadas a propor ideias e projetos estéticos (e também políticos) mais a adequados para representar a realidade brasileira.
Palavras-chave: IMPRENSA PERIÓDICA, POLÊMICAS LITERÁRIAS, LITERATURA DE 30
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