Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
A EXPERIÊNCIA DE LEITURA LITERÁRIA NO ATUAL CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA: O LIVRO DIDÁTICO DE LITERATURA É TRAVA OU MOTOR?
ROSSANA DUTRA TASSO
A partir da lei nº 11.892/08, foi instituída no país a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, que deu origem aos trinta e oito Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IF), presentes em todos os estados do país. O intuito foi institucionalizar e integrar ações da Educação Básica de Nível Médio com a Educação Profissional e Tecnológica, a fim de promover o desenvolvimento sócio-econômico das regiões que circundam tais instituições. Nesse contexto, tornam-se imprescindíveis ações que propiciem, ademais da formação técnica, a formação humanística necessária à plena atuação dos futuros profissionais no mundo do trabalho. Receber os conhecimentos exigidos para operar uma máquina com eficiência é tão importante quanto aprender a ler os diferentes discursos que configuram uma sociedade – afinal, uma comunidade só se desenvolve plenamente a partir do momento em que busca dirimir sua miséria física, moral e intelectual, em prol de um novo paradigma cidadão e ético-humano. A disciplina de literatura, então, pode contribuir efetivamente no despertar da sensibilidade e da criticidade dos estudantes da Educação Profissional para com a realidade em que estão inseridos. A partir disso, o objetivo do presente trabalho é discutir de que forma alguns livros didáticos voltados para o ensino de literatura nas últimas duas décadas mostram-se capazes de auxiliar – ou não – os professores nessa tarefa, tendo em vista, inclusive, a discussão a respeito das “leituras não-canônicas”, com que muitos desses estudantes se identificam. Para as análises acerca dos conteúdos e das atividades propostas aos alunos nesses manuais, utilizam-se como referenciais Alves (2013), Candido (1970), Compagnon (2014), Cosson (2007), Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005), Lajolo (2008), Malard (1985), Pinheiro (2006), Rouxel (2013) e Zilberman (1991), dentre outros. Até o momento, a pesquisa permite afirmar que o livro didático de literatura revela-se como um recurso importante para o professor em sua prática; porém, não suficiente para o desenvolvimento da recepção do texto literário enquanto objeto estético, capaz de despertar a catarse e a sublimação nos sujeitos. Ademais, as experiências literárias trazidas pelos alunos – outras mídias, outras obras – não podem continuar a ser silenciadas e descartadas. Cabe ao professor, portanto, trazer para a sala de aula atividades que contemplem a profundidade semântica do texto literário, nos diferentes meios em que ele pode se materializar, incentivando a efetiva interação do sujeito leitor com a escrita literária, bem como com outras manifestações artísticas a ela relacionadas. Afinal, ler um poema com o intuito de simplesmente elencar as características de um determinado estilo de época nele presentes é cercear toda a peculiaridade emancipadora/humanizadora da literatura e, no contexto específico da Educação Profissional, reforçar uma formação meramente tecnicista e, pior ainda, limitadora de potencialidades.
Palavras-chave: EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, ENSINO DE LITERATURA, LIVRO DIDÁTICO, FORMAÇÃO DE LEITORES
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