Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
A CRÔNICA CONTEMPORÂNEA E SUA DILUIÇÃO DO ESPAÇO
LUIS EDUARDO VELOSO GARCIA
Considerado um dos gêneros mais expressivos e populares da literatura nacional, a crônica brasileira é um exemplo de modelo textual que tem suas principais características marcadas na relação com a plataforma na qual está inserida, como podemos perceber na teoria vigente do gênero que aponta para o veículo comunicativo do jornal em todas as bases de compreensão da crônica, desde seu tamanho textual até a linguagem mais leve e preocupada em dialogar com o leitor. Se tais bases fundamentais do gênero, firmadas por nomes como Eduardo Portella, Afrânio Coutinho, Davi Arrigucci Jr., Antonio Candido, Jorge de Sá, Margarida de Souza Neves, Marlyse Meyer, Flora Sussekind, Beatriz Resende e muitos outros, faziam sentido nas teorias levantadas até o momento, com o enfraquecimento da plataforma do jornal (refletindo em quedas vertiginosas na sua importância mercadológica, como podemos observar no fechamento dos principais jornais do país) e o imponente espaço que o meio digital abre para os cronistas, uma grande alteração se apresenta no gênero, principalmente na leitura sobre o espaço. Como se sabe, a crônica brasileira é reconhecida por trazer a tona o recorte do espaço local do autor visto de forma subjetiva de maneira que podemos enxergar facilmente o Rio de Janeiro nas crônicas de João do Rio, Lima Barreto, Rubem Braga, Sérgio Porto, Vinicius de Moraes e Nelson Rodrigues ou São Paulo nas obras de Antônio de Alcântara Machado e Oswald de Andrade, além de outras localidades por nomes como Mario Prata, João Ubaldo Ribeiro e Ignácio de Loyola Brandão. No entanto, ao tentarmos reposicionar esta leitura do espaço local na crônica de autores contemporâneos como Gregório Duvivier, Xico Sá, Antônio Prata, Tati Bernardi, João Paulo Cuenca, Mariana Ianelli, Vanessa Barbara, Carol Bensimon e muitos outros, esta leitura do espaço se dilui e não conseguimos mais compreender a cidade na qual estes se situam, afinal, a leitura deles corresponde ao “espaço local” globalizado ao qual se dirigem: as mídias digitais. Através de análise de leitura da plataforma comunicacional em que se encontra inserida a crônica, procuraremos compreender de que maneira sua transposição para o meio digital alterará as características do gênero, principalmente no quesito referente ao seu espaço, ou melhor, a “diluição do seu espaço”, da qual pode-se encontrar rastros da literatura e cultura contemporânea bem claros como a desterritorialização e até mesmo uma perspectiva de gentrificação . O que se propõem neste trabalho, portanto, é um novo olhar para a crônica contemporânea, entendendo de que maneira suas transformações de plataforma alteram sua maneira de ser consumida e entendida pelo nosso tempo presente.
Palavras-chave: CRÔNICA BRASILEIRA, LITERATURA CONTEMPORÂNEA, ESPAÇO
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