Tendo em vista a atualidade e urgência das discussões étnico-raciais e de gênero, propõe-se nesta comunicação a análise dos mecanismos empregados pela autora Conceição Evaristo nos contos “Olhos d’àgua “ e “Quantos filhos Natalina teve?”, presentes na antologia Olhos d’água (2014), a fim de desafiar os paradigmas identitários historicamente impostos às mães afrodescendentes, seja pela literatura, seja pela esfera social como um todo. Pautando-nos, especialmente, na crítica literária pós-colonial e feminista, traçamos como objetivo geral analisar a contestação dos arquétipos materno e afrodescendente, empreendida nos contos em questão, e como objetivos específicos: a) compreender a ótica e ética revisionistas propostas na pós-modernidade em torno dos conceitos de gênero, raça e, especificamente, da maternidade; b) entender as perspectivas incutidas pela tônica “pós-colonial” na prática literária e c) identificar as estratégias político-narratológicas empregadas por Evaristo, a fim de estabelecer uma perspectiva antissexista, antirracista e não omissa da maternidade nos contos analisados.