Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
RIMBAUD E BAUDELAIRE EM TODOS OS CACHORROS SÃO AZUIS, DE RODRIGO DE SOUZA LEÃO
MONELISE VILELA PANDO, MARIA CLÁUDIA RODRIGUES ALVES
Caracterizada pela polifonia, desordem e fragmentação, a narrativa de Todos os cachorros são azuis (2008), de Rodrigo de Souza Leão é delineada por uma voz narrativa que diz de sua estadia em um hospital psiquiátrico cujo cenário para a história se apresenta em meio a uma trama de referências culturais. Em especial, alusões iluminadas de um repertório musical e social em que o contexto das décadas de 1960, 1970 e 1980 estão fortemente presentes. Durante o desenvolvimento narrativo poderíamos até mesmo traçar uma espécie de percurso cultural trilhado na obra baseando-nos nas inserções e referências citadas. Em um primeiro momento, todo esse repertório se expressa em desordem, através de digressões e fluxos de consciência que conformam informações desconexas, alucinações e descrições cruas do universo manicomial sob o pano de fundo de informações sobre músicas, produtos, atores e filmes em cartaz, etc. A literatura, por sua vez, aparece na narrativa do contemporâneo carioca de maneira mais incisiva. Não é somente questão de afirmar que o diálogo com os clássicos é retomado na escrita de Leão, pois a presença da leitura de Rimbaud e Baudelaire, por exemplo, não se mostra apenas no âmbito das referências literárias, os poetas franceses têm sua figura personificada dentro da própria narrativa, a eles são dadas características psicológicas, e adquirem condição de personagem. Interessa-nos analisar quais são as circunstâncias em que surgem na obra um poeta ou outro. Quais são as percepções do narrador a respeito de cada um dos poetas e que papel desempenham na narrativa. Seriam de fato personagens? Estariam atuando como alucinações no contexto do hospital psiquiátrico? E finalmente, verificar como a poesia de cada um vai sendo costurada ao texto. A literatura francesa e seus inúmeros desdobramentos, diálogos e contribuições para com a cultura de forma geral, são consolidados por uma enormidade de estudos, e a fim de que este seja uma contribuição que congrace esse contato partiremos de Carelli (1994), Nitrini (1993) além de Kristeva (1969), Tiphaine Samoyault (2008) e Gérard Genette (2009), para compreender como o conceito de intertextualidade vem sendo articulado na poética do autor, acreditando que tal metodologia nos permitirá melhor compreendermos o procedimento narrativo de diálogo que se estabelece no texto de Rodrigo Leão, e posteriormente traga as claras as inúmeras facetas assumidas pelo repertório advindo da leitura dos poetas franceses.
Palavras-chave: LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA, RODRIGO DE SOUZA LEÃO, RIMBAUD BAUDELAIRE, DIÁLOGOS LITERÁRIOS BRASIL-FRANÇA
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