Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
UM TÁXI PARA VIENA D"ÁUSTRIA NAS TEIAS DO DESAMPARO E DA SOLIDÃO
LEILA SILVA DE JESUS
Freud considera a fuga da dor e a busca do prazer motivadores do comportamento humano, uma vez que a arte libera as tensões e permite o gozo com os próprios devaneios sem autoacusações e vergonha. No texto literário, os elementos do inconsciente de um sujeito permeiam a história contada e, mesmo que em suspenso, a realidade está presente subjacente à ficção. O vazio, o estranhamento e a indiferença percebidos seriam uma projeção de si mesmo. Assim acontece em Um táxi para Viena d’Áustria, romance em que o escritor, através de sua criação artística empreende a catarse de um sonho violento que o levou em busca da psicanálise. Sonho e inconsciente se comunicam em um jogo de ocultação e revelação do texto. A experiência do inconsciente se manifesta por meio de uma escritura com teor despedaçado e da emergência de manifestações e ações incompreensíveis de sujeitos trágicos que lutam com suas tensões e dramas diante do sentimento de desamparo e solidão. É por meio da dor que o homem experiencia o mundo e o outro, como também olha para dentro, para o sentimento de vazio e de isolamento ante uma solidão existencial. Esta proposta de trabalho se fundamenta na possibilidade de reflexão do homem contemporâneo imerso em uma crise subjetiva, adensada com a fragilidade das relações humanas, que o lança em estágios de desamparo e solidão. O romance é usado para ilustrar como as fantasias e devaneios se adaptam, alteram as situações e recebe delas uma impressão, fixando novas maneiras de perceber e sentir o mundo. Para embasar tal análise, foram tomados como aporte teórico os textos Escritores criativos e devaneios (1908) e O inconsciente (1915), de Sigmund Freud, Psicanálise e literatura (1978), de Jean Bellemin-Noel, Circuitos da solidão (2003), de Bernardo Tanis e Mal-estar na atualidade (2014), de Joel Birman.
Palavras-chave: Literatura. Psicanálise. Desamparo. Solidão
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