Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
QUESTIONAMENTOS AO POETA: UM ESTUDO DE "POEMAS AO HOMENS DO NOSSO TEMPO" DE HILDA HILST
MALANE APOLONIO DA SILVA, ROSANA MARIA RIBEIRO PATRÍCIO
As considerações propostas neste artigo fazem uma análise a quatro poemas da obra poética "Júbilo, Memória e Noviciado da Paixão" (1974), a partir do eu - lírico de Hilda Hilst e contemplada no capítulo intitulado "Poemas aos Homens do Nosso Tempo". A obra a ser analisada marca a volta de Hilda Hilst a produção poética, depois de um longo período dedicado a sua estreia nas obras de ficção e é através dessa nova experiência de escrita que surge um certo amadurecimento com toda a sua produção poética. O capítulo do livro ao qual nos debruçaremos é composto por dezessete poemas, entretanto, em especial será posto a análise os quatro primeiros poemas, em que a escritora oferece homenagens a várias personalidades da literatura no decorrer das páginas, haja vista, o período de publicação do livro estar imerso ao regime militar brasileiro em seu momento de maior censura aos intelectuais. O primeiro tópico desse artigo objetiva construir possíveis considerações sobre o exercício da poética de Hilda Hilst a partir de seus poemas, para que o leitor perceba a construção artesanal dessa palavra, que se transforma em uma multiplicidade de metáforas, sempre audaciosas, amorosas, humorísticas, de denúncia ou indignação. No segundo tópico trataremos de uma apresentação do poeta imersa na solidão da poesia contemporânea de Hilda Hilst, respondendo a uma escolha pessoal da autora e enquanto diferencial de sua escrita poética. Dialogarmos ainda com a polêmica da divulgação de suas obras e a grande insatisfação de Hilst com seus leitores e críticos, pois com uma extensa produção poética, Hilda Hilst esteve por muito tempo à mercê da política editorial. Os livros de poesia, ficção e ainda dramaturgia da escritora eram publicados com tiragens em pequenas quantidades, quase nunca com convites a reedição. O porquê, não compete a um fato isolado, pois são muitos os escritores que passam pela mesma experiência solitária de não serem lidos, nem mesmo a crítica manifesta-se, não há objeções ou aplausos, e sim um enorme silêncio. Talvez um possível reflexo do poeta posto a margem da pretensa social, improdutivo a política consumista do mercado de trabalho. A postura dos leitores e críticos unido a burocracia editorial de certa maneira frustraram a expectativa da escritora Hilst por não conseguir chamar a atenção para suas produções. Só em 2011 surge um convite da rede Globo para reeditar toda sua obra, um diferencial nas paradas de vendas de seus livros. Hilda Hilst decide dar ao leitor uma resposta, quase um grito, ao anunciar sua vertente pornográfica: [...] eu queria fazer uma coisa que, de repente, eles gostassem de ler. Não adiantou. Diziam que eu era dificílima na literatura pornográfica. (HILST, 1999. p.30). Ao publicar uma trilogia que mostra uma poética ainda mais liberta, autora admite ter tentado chamar atenção e ainda cogita não ter conseguido, para muitos não passava de uma mulher desequilibrada.
Palavras-chave: POEMA, TESSITURA, HILDA HILST
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