preliminar, podemos afirmar que tais modalidades de exercícios críticos podem ser vislumbradas em medida considerável, no contemporâneo. Com a virada pós-moderna, iniciada nos pressupostos da literatura comparada – conforme observa o Bernheimer Report, de 1993 (BERNHEIMER, 1995) –, uma série de suportes epistemológicos, observados sobremaneira na concepção da crítica como julgamento de valor, foi revista e redimensionada.
De fato, parcela relevante do culturalismo (que terá uma Linda Hutcheon ou um Homi Bhabha como modelos teóricos) tentará suspender as esferas axiológicas da reflexão sobre literatura. Esse turning point relativo ao valor, porém, já estava previsto na abordagem privilegiadamente hermenêutica do Northrop Frye de Anatomia da Crítica e, em boa parcela, isso representa a percepção da vida cultural da própria modernidade. Afinal de contas, “no vocabulário crítico de nosso século, os adjetivos qualificativos se tornaram raros e discretos” (PERRONE-MOISÉS, 1998, p. 9), lembra Leyla Perrone Moisés em seu Altas Literaturas.
A multiplicidade desse olhar crítico legado ao contemporâneo – lastreada pela desregulamentação dos valores, iniciada com vigor no século XVIII – será foco de nosso artigo. Propomos discutir como se representam três esferas críticas no contemporâneo, a saber:
a) A axiológica, pela emissão de juízos contundentes;<br>
b) A pedagógica, colaborando ancilarmente (como queria Antonio Candido) para a elevação do nível dos escritores;<br>
c) A hermenêutica, iluminando pontos obscuros dos textos literários.