O artigo tem como objetivo levantar considerações a respeito da visualidade nas poéticas de João Cabral de Melo Neto e Murilo Mendes. Para isso, serão analisados os poemas “Perspectiva da sala de jantar” e “Joan Miró”, de Murilo Mendes, “Poema” e “O sim contra o sim”, de João Cabral. Júlio Castañon Guimarães, ao falar sobre a poesia de Murilo, afirma que esta é “marcada pela atenção à visualidade, ao físico, ao concreto, ao espaço” (GUIMARÃES, 1993, p. 63). Em Cabral, vocábulos sob o signo da pedra são encontrados já em sua primeira obra, como atesta Antonio Candido ao defender que “as suas emoções se organizam em torno de objetos precisos que servem de sinais significativos do poema – cada imagem material tendo de fato, em si, um valor que a torna fonte de poesia (...)” (CANDIDO, 2002, p. 137). Além disso, observa-se nos poetas também a referência a obras e a artistas plásticos. Para efeito de análise comparativa, escolhemos Joan Miró, cuja presença revela não somente o apreço pela obra do pintor, mas a paixão pela Espanha. A partir dessas considerações, conceitos como objetividade/subjetividade, abstração/concretude e equilíbrio/dinamismo são problematizados. Assim, neste trabalho, tenta-se compreender que ambos os artistas dão aos elementos visuais um importante sentido, valorizando-os pelas suas significações e contribuições para o entendimento do vínculo inesgotável entre palavra, imagem e realidade.
Palavras-chave: Poesia. Visualidade. João Cabral. Murilo Mendes. Pintura. Joan Miró