Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
O LEITOR/ESPECTADOR COMO CO-AUTOR: EL CHICO DE LA ÚLTIMA FILA DE JUAN MAYORGA"
MARTA LÓPEZ GARCÍA, MIGUEL ÁNGEL ZAMORANO
Juan Mayorga (Madrid, 1965) é hoje um dos grandes nomes do teatro espanhol contemporâneo, autor de uma extensa produção representada em todo o mundo e traduzida a numerosos idiomas. Uma dramaturgia profunda, comprometida e metódica que já recebeu, entre outros reconhecimentos, o Prêmio Nacional de Literatura Dramática (2013). Num esboço de sua concepção de teatro, e partindo das próprias palavras do escritor, diríamos que ele é político, no sentido de que "convoca a polis", é de "autoria coletiva" e quer suscitar "a crítica e a utopia" no público; um teatro de ideias, que a partir da dramatização de uma experiência humana concreta procura revelar uma realidade mais profunda, deixando nas mãos do receptor esse "salto à ideia”. Nesse sentido, considerando que uma das premissas fundamentais da produção artística mayorguiana é a do leitor/espectador como cocriador, se analisará de que forma esta se concreta na peça El chico de la última fila (2006). Para começar, a ‘mise em abyme’ da escritura usada na construção da obra, resulta o veículo perfeito para a reflexão sobre o ato de narrar e de ler. Através de este recurso metaficcional, os textos que o protagonista (Claudio, um adolescente que está cursando o ensino médio) redata, cobram vida frente ao leitor/espectador (dentro do mundo ficcional, Germán, um professor de literatura bastante desmotivado, que atua também como crítico e coautor; na plateia, o público) para converter-se, junto com os vários questionamentos sobre o processo de criação e de recepção, na própria peça teatral. Uma peça que é sobre tudo uma discussão sobre poética literária e arte nos dias de hoje, e também, sobre o papel social da escola, sobre a relação de mútua dependência que se estabelece entre o artista e o poder, sobre o caráter ambivalente da imaginação como fuga ou como superação do mundo. Porque a aspiração máxima de um teatro comprometido com a palavra e com a realidade, é provocar uma experiência que o público possa levar consigo uma vez fechadas as cortinas, achar os mecanismos para mantê-lo sempre alerta e implicá-lo nos acontecimentos, deixar lacunas que ele possa completar. Como diz Germán para Claudio num determinado momento: ‘o leitor é como o sultão de Xerazade: se me entedias, te corto a cabeça. Há quem não ache necessário tudo isso: conflitos, incertezas… mas eu preciso que aconteçam coisas. Eu e todo o mundo, salvo quatro pedantes extraviados. As pessoas precisam que lhes contem histórias’.
Palavras-chave: TEATRO CONTEMPORANEO, POÉTICA LITERARIA, LEITOR/ESPECTADOR, CO-AUTORIA
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