O crime e o submundo do Rio de Janeiro na obra Os estranguladores do Rio ou o crime da Rua Carioca. Romance sensacional do Rio oculto. Hendie Tavares Teixeira (UFRJ) hendietavares@hotmail.com O romance Os estranguladores do Rio ou o crime da Rua Carioca. Romance sensacional do Rio oculto, do autor Abílio Soares Pinheiro, considerado de sensação e produzido através de um crime verídico ocorrido em 1906, no Rio de Janeiro, nos mostra aspectos do denominado “Rio Oculto”, caracterizado pela criminalidade e violência. O autor nos oferece, por meio de uma estética naturalista, uma análise sociológica da criminalidade surgida através da miséria de uma parte do Rio de Janeiro que não foi beneficiária das transformações urbanas e marcado pela intensa imigração estrangeira do período. O romance foi produzido duas semanas após um latrocínio, roubo seguido de morte, de dois irmãos italianos, sobrinhos de um conhecido joalheiro do centro da cidade do Rio de Janeiro. A atrocidade do crime – estrangulamento, violência, desaparecimento do corpo do irmão mais velho – fazia a cidade estremecer e buscar informações sobre seu andamento. O jornal, em linguagem sensacionalista, fazia uma cobertura instigante e apelativa, divulgando imagens das vítimas, dos criminosos, coletando depoimentos e incitando a população. A imprensa posicionava-se como investigadora do crime e colocava em evidência a insuficiência da atuação policial. O caráter sensacional dessa obra se manifesta pelos temas que produzam choque, a saber, crimes, assassinato, violência são atos monstruosos cujo medo é vinculado à violência. Embora “romance de sensação” não se limita simplesmente a esse aspecto. O medo urbano manifesta-se nas ruas escuras, no porto, no anonimato, na multidão, na miséria que são ambientes propícios para a produção do mal. Apresentar o submundo carioca, suas vielas, o porto, o contrabando, a quadrilha, a vida noturna são aspectos propícios à produção do medo assim como a monstruosidade dos assassinos, que são os transgressores da ordem moral. Tanto os criminosos quanto as vítimas são estrangeiras como, por exemplo, italianos e argentinos e, se não são declaradamente criminosos, estão no limiar do entre a malandragem e a participação de discretos contrabandos. Todo esse mistério em torno das vítimas e da crueldade dos assassinos nos mostra tanto o medo do outro quanto a atração pelo desconhecido. Ainda que a cidade sempre tenha sido marcada por seu caráter cosmopolita, ao se apresentar o outro, o que vem de fora, como perigoso, nos apresenta uma marca xenofóbica, que produz a imagem do estrangeiro como aquele que vem para o Rio, trazendo um caráter corrompido, infesta a cidade com medo e insegurança transgredindo a ordem moral e desestabilizando a sociedade e carioca. Palavras-chave: crime, sensacionalismo, romance de sensação, imprensa e Rio de Janeiro. Simpósio: Crimes, Pecados e Monstruosidades.
Palavras-chave: CRIME, ROMANCE DE SENSAÇÃO, SENSACIONALISMO, RIO DE JANEIRO