Desde uma perspectiva sincrônica da Literatura que faz perviver toda uma tradição literária de matiz anti-humanista que não vislumbra a linguagem em certa missão salvacionista e edificante do mundo, do nacional, essa comunicação pretende refletir acerca da inscrição de Memórias de Lázaro (1952), de Adonias Filho na historiografia brasileira e discutir como a irrupção do mal no romance forja uma economia de dissipação da virtude, de desumanização da paisagem social e de suas interações, da experiência com o bestial como condição inexorável para se pensar a alteridade e a construção do tempo pós-apocalítico que acossa os narradores e os personagens do Vale do Ouro. Ante uma linguagem de lastro expressionista que se perfaz sob o signo dos escombros de um mundo arruinado, confessado pelo personagem Alexandre, essa comunicação pretende desde os estudos de George Bataille sobre a Literatura e o Mal e o Erotismo pensar a atração entre as catástrofes que enredam o romance (assassinato, incesto, iminência de epidemia, mutilação animal) e o mal como mote narrativo em Memórias de Lázaro.
Palavras-chave: ANTI-HUMANISMO, PÓS-APOCALÍPTICO, MAL, LITERATURA