Em Formas de volver a casa (2011), o escritor chileno Alejandro Zambra constrói uma obra em que a narrativa se estrutura a partir de um relato de aspectos centrais da vida dos personagens narradores desde a infância à idade adulta. Trata-se de um mosaico narrativo constituído pelas memórias individual e coletiva, que exploram tanto fatos banais e cotidianos que remetem à individualidade, quanto a brutalidade da época de ditadura que alude aos horrores vividos direta ou indiretamente pela coletividade. Essa ambivalência constitui o ponto central de análise deste trabalho, no qual discutiremos memória em sua relação com a história particular e em sua relação com a coletividade, a partir de Pierre Nora (1985), Beatriz Sarlo (2007) e Paul Ricouer (2007). Com isso, apresentamos um estudo voltado para a literatura contemporânea que esmiúça a memória como elemento simbólico e fronteiriço, entre o real e o imaginado. Nesse sentido, o esquecimento ou a lembrança deixam de ser naturais e passam a funcionar também enquanto mecanismos políticos; marcas do que não podemos esquecer e do que nos é imposto como lembrança.
Palavras-chave: Memória individual e coletiva; literatura contemporânea hispano-americana; Alejandro Zambra e a ditadura chilena.