O presente artigo analisa como o trauma faz parte da escrita literária do romancista português António Lobo Antunes, em suas três primeiras obras literárias de traço autobiográfico-memorialístico, resultado da experiência do renomado escritor com a Guerra Colonial. Pretende-se, assim, investigar até que ponto a memória traumática é responsável pela desconstrução e reconstrução das identidades. Desta forma, vale ressaltar que a literatura loboantunisiana rompe com os lacres que impediam descrever as lembranças traumáticas através da linguagem, após a passagem por uma experiência horrenda, tornando-se porta-voz, entre tantos outros romancistas, de uma literatura de traço testemunhal, autobiográfica e memorialística. A pesquisa busca apoio teórico em Gagnebin (2006), Assmann (2011), Hall (1990), Bakhtin (1995), Halbwachs (2006), entre outros, dialogando com várias áreas do conhecimento interdisciplinar. Os resultados obtidos mostram que, através da análise dos romances Os Cus de Judas, Memórias de Elefante e Conhecimento do Inferno, o trauma, oriundo de situações catastróficas (de guerra), contribui na conscientização e ressignificação do saber que interpela e desconstrói o pensamento humano em torno da vida, impedindo que, no futuro, o homem tenha que deparar com essas situações-limites. Ressalta-se que este artigo faz parte da tese de doutoramento em Cultura e Sociedade, em fase de construção, na Universidade Federal da Bahia - UFBA.
Palavras-chave: Literatura. Trauma. Representação. Corpo. Experiência.