Chamada para o n. 72 - Os múltiplos agenciamentos da experiência literária

Pensar a existência além do sujeito, a partir da multiplicidade das formas de vida no plano da imanência. Essa tarefa, proposta por filósofos e antropólogos, lança aos teóricos e críticos literários o desafio de se pensar a escrita e a leitura sob outras bases ontológicas. Exige-se, doravante, um deslocamento perspectivístico: o sujeito, outrora entronizado como o ponto de convergência da experiência literária, dá lugar a um sem-número de entidades, objetos e corpos, que desvelam outras possibilidades e aspectos existenciais. Assim, pode-se pensar a literatura como um campo experimental para a encenação da multiplicidade da existência. Logo, são os mutilados de Beckett, os seres transcósmicos de Lovecraft e Le Guin, o devir-vegetal de Kang e o devir-animal do tio-onça Iauaretê ou o homem-impredicável Bartleby, a baleia Moby Dick, a cadela Baleia e todos os animais de Franz Kafka, o que possibilita pensar os agenciamentos literários na construção de uma posição ontológica intermediária entre o "eu-sujeito" e uma linha de fuga por onde pode passar um devir minoritário, que remetem àquilo que Anna L. Tsing e Donna Haraway, cada uma a seu modo, entendem por "viver-com". Convidamos os(as) pesquisadores(as) a contribuírem com reflexões acerca dos agenciamentos literários que favorecem a especulação ontológica sobre os diferentes modos de subjetivação e dessubjetivação, bem como as diferentes existências implicadas na multiplicidade da vida.

Organizadores: Antonio Barros de Brito Junior (UFRGS) e Alexandre Nodari (UFPR)

Link: https://seer.ufrgs.br/organon/announcement/view/1409

 

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