MESA-REDONDA: O Mez da grippe e seus efeitos

MESA-REDONDA: O Mez da grippe e seus efeitos

15 de outubro

ATENÇÃO PARA O HORÁRIO: 10h a.m.

Link para a live: tiny.cc/ABRALIC

A alegoria da peste em O Mez da Grippe, de Valêncio Xavier

Ângela Maria Dias (UFF)

Comentários sobre o processo de reedição de O Mez da Grippe

Thiago Tizzot (Arte&Letra)

O Mez da Grippe e seus anacronismos

Maria Salete Borba (UNICENTRO)

Adauto Taufer (UFRGS) — mediação

 

A alegoria da peste em O Mez da Grippe, de Valêncio Xavier

Ângela Maria Dias (UFF)

Interpretação da estrutura alegórica da novela de Valêncio Xavier, a partir da perspectiva benjaminiana da história como transitoriedade e declínio, apoiada por sua natureza de memória da cidade de Curitiba, do início do século XX, como um primeiro nível de significação desdobrável e aberto. A estrutura bricoleur do relato, organizado como uma combinatória híbrida do texto com imagens de diferentes procedências e naturezas, impõe não só o reconhecimento do caráter não orgânico da obra, como também a implicação sadiana, racionalista e irônica, da visão de mundo que o preside. De um lado, “a exposição barroca, mundana, da história como história mundial do sofrimento”, inerente à concepção de Walter Benjamin, combina-se ao mundo sem deuses de Dostoiévski, articulado na pauta agnóstica de Sade, e de outro, a natureza altamente fragmentária da construção narrativa se conjuga à fórmula clássica do grand guignol, não só pela obsessão com a morte, a loucura ou o sexo, como também pelo esquartejamento dos materiais na composição em sintonia com a violência do universo simbólico.

Ângela Dias é professora Titular de Literatura Brasileira e Literatura Comparada da Universidade Federal Fluminense, ensaísta, crítica literária e pesquisadora do CNPq. Além de vários artigos em periódicos especializados, e da organização de coletâneas de ensaios, publicou A forma da emoção — Nelson Rodrigues e o melodrama (2013), Valêncio Xavier: o minotauro multimídia (2016), organizou as coletâneas Cenas de arte e ficção: teatralidades contemporâneas (2015),  com Paula Glenadel; e Atores em cena: o público e privado na literatura brasileira contemporânea (2017), com Stefania Chiarelli. Atualmente trabalha com Ficções performáticas na Literatura e em outras artes, com ênfase em sintomas da distopia contemporânea, como o ceticismo, a violência e o cinismo.

 

Comentários sobre o processo de reedição de O Mez da Grippe

Thiago Tizzot (Arte&Letra)

A ideia é falar sobre o porquê de reeditar o livro O Mez da grippe,  de Valêncio Xavier, que estava esgotado e fora do mercado há cerca de 22 anos: quando e como surgiu a ideia; como foi a negociação com a família; como foram realizadas as escolhas com relação à diagramação, capa etc.; assim como qual o impacto desse livro hoje em que nos encontramos em meio a uma pandemia.

Thiago Tizzot é editor, livreiro e fazedor de livros na Arte & Letra. Autor dos livros O Segredo da Guerra (2005), A Ira dos Dragões (2009), Três Viajantes (2014) e Esqueletos que Dançam (2020).

 

O Mez da Grippe e seus anacronismos

Maria Salete Borba (UNICENTRO)

A experiência de ler e reler O Mez da grippe é sempre anacrônica. Somos capturados pela montagem e pelo enredo e histórias recortadas. Hoje, em plena pandemia, há um retorno por parte dos leitores a esse livro cuja primeira edição foi realizada em 1981. Pensar Valêncio Xavier, e em especial o livro dedicado à gripe espanhola ocorrida no início do século XX, é um exercício peculiar, o que exige uma “leitura a contrapelo”, com diria Walter Benjamin. Por isso, a ideia é realizar uma leitura de O mez da grippe aproximando-o das investigações realizadas pelo filósofo francês George Didi-Huberman, que nos ensina a reconhecer a multiplicidade de tempos existentes nas imagens que nos cercam.

Maria Salete Borba é professora de Literatura Brasileira da Universidade Estadual do Centro-Oeste. É organizadora de 100 anos em 100 filmes: escritos sobre cinema (2020) e Contatos e contágios: escrituras sobre Valêncio Xavier (2014). Coordena o grupo de pesquisa “Desdobramentos: arte, estética e tempo”. Sua pesquisa compreende a literatura contemporânea em diálogo com outras áreas, dando ênfase às artes visuais.

Adauto Taufer (UFRGS) — mediação

 

Veja mais notícias