MESA-REDONDA: CONTINENTES DE REPRESENTAÇÕES: GEOGRAFIAS DESCOLONIAIS ATRAVÉS DE LITERATURAS NACIONAIS

Geografias descoloniais: ensino para as relações étnico-raciais

Adriana Dorfman (UFRGS)

Paisageabilidade: o oculto translúcido na literatura ou por uma fenomenologia do olhar que lê

Eduardo Marandola Jr. (UNICAMP)

Ver geografias na escuridão: uma neurofisiologia do olhar contemporâneo

Ricardo Barberena (PUCRS)

Gerson Neumann (UFRGS) — mediação

 

Geografias descoloniais: ensino para as relações étnico-raciais

Adriana Dorfman (UFRGS)

Esta apresentação compartilha as experiências em "Geografia Descoloniais: Ensino para as Relações Étnico-Raciais", atividade de ensino obrigatória para os licenciandos na 8ª etapa do curso de Geografia na UFRGS. Essa disciplina parte das teorias sobre representação social (Serge Moscovici e seus sucessores), geografias imaginativas (Edward Said e Doreen Massey) e de(s)colonialidade (Luciana Ballestrin e uma grande produção da comunidade geográfica) para discutir o ensino básico de Geografia da África e da Ásia. Central nesse percurso são exercícios de inter e transtextualidade, tomando como base romances africanos e asiáticos (por exemplo Mayombe, de Pepetela; Terra sonâmbula, de Mia Couto; Desonra, de Coetzee; Meio sol amarelo e Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie; Paisagens humanas do meu país, de Nâzim Hikmet; Mapas, de Nuruddin Farah; Crianças da meia-noite, de Salman Rushdie...). As obras, mais ou menos centradas em conflitos descoloniais como nacionalismos, revoluções e mobilidades, trazem também paisagens e modos de existência, dando a ver importantes processos socioespaciais. Assim, permitem retraçar as geografias imaginativas dos alunos-leitores, futuros professores ávidos por leitura de romances permitem realizar três movimentos: proporcionar experiências de leitura de obras menos canônicas; traduzir territorialidades africanas e asiáticas; articular as escalas geográficas dos personagens (corpos), nações e processos continentais. Por trás da ideia de imbricamento de escalas está a possibilidade de superar as distâncias e generalidades presentes, permitindo a identificação com histórias de vidas (ainda que fictícias), que se inserem em narrativas nacionais e nas discussões sobre os continentes.

Adriana Dorfman é Professora Associada do Departamento de Geografia e Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Geografia. Coordenadora dos Cursos de Geografia do IGEO. Coordenadora do Projeto Unbral Fronteiras (unbral.nuvem.ufrgs.br). Líder do Grupo de Pesquisa Espaço, Fronteira, Informação, Tecnologia. Co-chair da Comissão de Geografia Política da União Geográfica Internacional (CPG-IGU). Tem textos publicados em português, espanhol, francês, inglês, alemão, russo, búlgaro, chinês e japonês.

 

Paisageabilidade: o oculto translúcido na literatura ou por uma fenomenologia do olhar que lê

Eduardo Marandola Jr. (UNICAMP)

A proposta de pensar a paisageabilidade ou a fenomenologia do olhar que lê pretende meditar sobre a qualidade ou modo de ser paisagem, enquanto ontologia fenomenológica, remetendo à sua presença na literatura, para além da percepção. No entanto, que descolonização seria possível neste movimento? Diante deste impasse, a intervenção enfrentará esta questão na leitura da poesia de Marília Garcia, em busca de uma experiência estética do deslocamento, em especial do olhar que lê.

Geógrafo, Professor da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É Professor dos Programas de Pós-Graduação em Geografia (Instituto de Geociências) e Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (FCA).

 

Ver geografias na escuridão: uma neurofisiologia do olhar contemporâneo

Ricardo Barberena (PUCRS)

A ideia de pertencimento e sobrevivência é o que leva a humanidade a viver em conjunto. Enquanto poéticas do habitar, as comunidades e os espaços de atuação são a base da segurança na formação de todo e qualquer indivíduo. A cidade, obviamente, está inclusa nessa equação. Ela está intrinsicamente ligada com a identidade e a memória dos indivíduos. É a cidade que abriga o sujeito urbano e articula suas relações. Partindo dessas afirmações, o presente trabalho se debruça sobre as existências trans nos espaços da cidade. Sendo esta um espelho da sociedade, a cidade acaba tornando-se mais um elemento de desamparo na vivência trans. Marginalizadas, tal qual nos próprios lares e em suas famílias, as pessoas trans se deparam com o desalento de viver a cidade como um exílio, experenciando hostilidade, repulsa e exclusão. Analisaremos, portanto, as narrativas trans como forma de resistência, denúncia e subversão de discursos hegemônicos, utilizando as obras E se eu fosse puta (2016) e Contos transantropológicos (2018) de Amara Moira e Atena Beauvoir, respectivamente, focando na relação que as personagens transexuais estabelecem com os lugares que transitam, bem como a estética desses locais e a influência que esses fatores exercem em suas subjetividades.

Ricardo Barberena possui Graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000), Doutorado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005) e Pós-Doutorado (2009), intitulado "Paisagens limiares na contemporaneidade brasileira: representações da identidade no Cinema e na Literatura", pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras (PUCRS). Coordena o GT da ANPOLL Literatura Brasileira Contemporânea. Coordena o Grupo de Pesquisa "Limiares Comparatistas e Diásporas Disciplinares: Estudo de Paisagens Identitárias na Contemporaneidade". Membro do Grupo de Pesquisa de Pesquisa do CNPq GELBC (Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea). Atuação docente na área de Letras (Teoria Literária), com ênfase em Literatura Brasileira Contemporânea. Diretor do Instituto de Cultura da PUCRS.

 

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