MESA-REDONDA: PAISAGENS BENJAMINIANAS

MESA-REDONDA: PAISAGENS BENJAMINIANAS
17 de setembro, 14h
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Cuadros de viaje y etnografías urbanas en Walter Benjamin y Siegfried Kracauer
Miguel Vedda (Universidad Buenos Aires)

Nos ocuparemos de examinar las metodologías de análisis de la gran ciudad desarrolladas por ambos autores, extrayendo elementos de los análisis desarrollados por Kracauer en El ornamento de la masa, Los empleados y Calles en Berlín y en otros lugares; y por Benjamin en “Crónica de Berlín”, Infancia en Berlín hacia 1900 y el proyecto de La obra de los pasajes. Una serie de conceptos e ideas introducidos por ambos pensadores tales como los de dispersión, porosidad, penetración , embriaguez permite desplegar una fenomenología de la ciudad en cuanto escenario, a la vez, de la alienación y la utopía. Hablaremos sobre la relevancia histórica y la actualidad de estos conceptos, destacando al mismo tiempo la presencia de una visión de los ámbitos urbanos que excede la caracterización fenomenológica de las grandes urbes y que desciende hasta una dimensión ontológica.

Miguel Vedda es doctor en Letras por la Facultad de Filosofía y Letras de la UBA, profesor titular plenario de la cátedra de Literatura Alemana (UBA) e investigador principal del CONICET. Director de la Sección de Literaturas en Lenguas Extranjeras de la UBA. Miembro del “Berliner Institut für kritische Theorie” (InkriT, Berlín, Alemania), de la Academia de Ciencias de Hungría (Magyar Tudományos Akadémia) y de la “Internationale Georg-Lukács-Gesellschaft”. Integrante del consejo de redacción de la revista Herramienta. Entre sus libros recientes se encuentran La irrealidad de la desesperación. Estudios sobre Siegfried Kracauer y Walter Benjamin (2011), Placeres de la melancolía. Reflexiones sobre literatura y tristeza (2014, con Martín Ciordia), Lukács: Estética e Ontologia (2014, con Ester Vaisman), Arte e Sociedade (2014, con Ester Vaisman), Leer a Goethe (2015), Walter Benjamin. Experiência histórica e imagens dialéticas (2015). Ha traducido y editado obras de Goethe (Fausto), Marx (Manuscritos económico-filosóficos de 1844), Kafka (El proceso, El desaparecido), Lukács (Táctica y ética; Lenin. Estudio sobre la coherencia de su pensamiento; Ontología del ser social; Acerca de la pobreza de espíritu y otros escritos de juventud) y Kracauer (Los empleados, Ginster), Adorno, entre otros autores.


Travessias do opaco — crítica filosófica da racionalidade idolátrica em Walter Benjamin
Ricardo Timm de Sousa (PUCRS)

Consideramos a obra de G. Didi-Huberman, observada no seu todo, um projeto de fundamentação de uma estética metafenomenológica. Nesse sentido, pode-se compreender que, na discussão inicial de seu livro O que vemos, o que nos olha, Didi-Huberman problematiza a visibilidade do visível para além da obviedade do conceito tradicional de imagem. Trata-se de inverter a naturalidade do olhar, ou sua “ordem natural”, assim como Bergson propugna o filosofar como o “inverter da ordem natural do pensamento”. A imagem deixa, por um lado, de ser devassada, dissecada pelo olhar poderoso e impudico, pela visão iluminadora e óbvia que opõe resistência à luz da visibilidade, tal como se verifica na classificação elementar e naturalizada das coisas visíveis; e o olhar compreende a imagem como rosto – que dizer, como Outro olhar – que, por sua vez, o olha, o vê, o afeta, o constitui.

Porém, esse processo não é simples. Sua pré-condição é a percepção dolorosa de uma determinada lógica de luto. No que aparece refulge a fuga do que não mais aparece. No eco do aparente – ou “aparecente” – ecoa algo que não (mais) aparece. A imagem tenta continuamente se refugiar na “imagem”, na sua própria figura – e não é senão o trabalho sempre novo do poeta que, se contrapondo ao desejo do sonhador, a traz novamente à vida, segundo W. Benjamin:

“O gosto pelo mundo das imagens não se alimentará de uma obscura resistência ao saber? Olho para a paisagem lá fora: o mar parece um espelho na sua baía, as florestas sobem até ao cume do monte como massas imóveis e mudas; mais longe, as ruínas de um castelo desde há séculos inalteradas; o céu resplandece sem nuvens, no seu azul eterno. É isso que o sonhador deseja. Que esse mar sobe e desce em bilhões e bilhões de ondas, que as florestas estremecem a cada momento da raiz até às folhas, que nas pedras das ruínas do castelo estão continuamente em ação forças que as fazem desmoronar-se e esfarelar-se, que no céu os gases entram em turbilhão, em lutas invisíveis – tudo isso ele tem de esquecer para se entregar às imagens. Nelas encontra serenidade, eternidade. Cada asa de pássaro que o roça, cada golpe de vento que lhe provoca um frêmito, cada coisa próxima que o toca o desmente. Mas toda a distância lhe reconstrói o sonho, que se apoia em cada parede de nuvens, que se ilumina de novo com a luz de cada janela. E revela-se na sua máxima perfeição quando consegue retirar o aguilhão do próprio movimento e transformar o golpe de vento num sussurro e a rápida passagem dos pássaros no deslizar das aves migratórias. O prazer do sonhador é o de fixar a natureza na moldura de imagens esmaecidas. O dom do poeta é o de conjurá-la a cada novo chamamento. (BENJAMIN, W., “O longe e as imagens”, in: BENJAMIN, W., Imagens do pensamento – Sobre o haxixe e outras drogas, p. 121.)

Esta é a chave para compreender a dimensão real do Desperter – Erwachen – condição sine qua non de dissolução das imagens idolátricas desde a potência das imagens dialéticas. E, neste sentido, filosofar é aprender a despertar.

Ricardo Timm de Souza é Professor Titular da Escola de Humanidades da PUCRS. Atua principalmente como docente e pesquisador dos Programas de Pós-graduação em Filosofia e Letras (Escrita Criativa) da PUCRS. Suas áreas principais de atuação são: ética, literatura, alteridade, fenomenologia, estética, filosofia e psicanálise, filosofia e história da cultura ocidental com ênfase no século XX, questões filosóficas da criminologia, interdisciplinaridade, pensamento judaico, filosofia latino-americana, filosofia e música, temas de ética ambiental, temas de ética animal, filosofia da história, biopolítica, necropolítica, necroética, crítica da idolatria, filosofia política e justiça. 


Benjamin: traduzir a utopia, traduzir a história
Helano Jader Ribeiro (UFPB)

O messianismo é uma utopia do judaísmo? Esses três termos se apresentam quase como um pleonasmo, a tal ponto que poderíamos argumentar que a utopia é uma invenção judaica. Henri Meschonnic, no seu livro, L’utopie du juive, articula a tradição judaica e a alegoria, ao aproximar Walter Benjamin e Franz Kafka, no seu texto “L’allégorie chez Walter Benjamin, une aventure juive”, a partir de uma ideia que eles mesmos gesticulam: a parábola como imagem da impossibilidade de acesso ao sentido. Não somente a parábola, mas também a alegoria e a tradução se revelam à luz de uma poética da possibilidade do impossível. De um lado, alegoria e tradução incorporam a subjetividade da constituição da inacessibilidade do sentido, de outro, apontam de modo pungente para a historicidade do mundo e a linguagem como Medium da experiência. A alegoria é barroca, porque ela também é a forma do inacabamento, da precariedade e da barbárie da história. Assim, as teorias da alegoria e da tradução de Walter Benjamin se expõem nesse por-vir anacrônico e utópico: uma experiência do inexperienciável, ou melhor, um experimentum linguae, uma aventura judaica da linguagem enquanto Medium da história.

Helano Jader Ribeiro possui doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina em Teoria da Literatura. Trabalhou de 2006 a 2008 como Professor Leitor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira na Universität zu Köln (Alemanha). Desenvolve trabalhos de literatura e teoria crítica dentro das temáticas: literatura e ética, literatura e imagem, otobiografias e otoficções, tradução e messianismo em Walter Benjamin, assim como a investigação crítica de arte e literatura de imigrantes, refugiados e apátridas. Publicou traduções de textos de autores de línguas alemã e francesa, tais como, Walter Benjamin, Carl Einstein e Georges Didi-Huberman. Trabalha como Professor Adjunto de Língua Alemã na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), onde atua no Programa de Pós-Graduação em Letras.  É editor-chefe das revistas Linguagem & Ensino (Qualis A1) e Contingentia. É líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Walter Benjamin: fantasma, imago, espectro.

Cinara Ferreira (UFRGS) — mediação

 

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