Aproximações: Leitor, Leitura, Teoria, Teóricos

Link para a live: tiny.cc/ABRALIC

No dia 3 de setembro, às 14h, teremos mais uma live com a mesa-redonda "Aproximações: Leitor, Leitura, Teoria, Teóricos". Vinculada aos estudos contemporâneos de Teoria da Literatura, esta mesa apresenta uma investigação a respeito do lugar público e do papel social do leitor e duas pesquisas que se ocupam dos meandros da historiografia e da crítica, singularizados nos trânsitos epistemológicos de Silviano Santiago e Raúl Antelo, importantes pensadores do Brasil.

A formação do leitor literário

Márcio Araújo de Melo (UFT)

A apresentação discute a formação do leitor literário a partir da promoção da leitura do texto literário nas políticas públicas atuais. Para tanto, serão analisadas questões que envolvem os modos de compreender e de se apropriar das figurações de leitor, de livro e da leitura literária. São figurações que produzem percepções sobre o quê, como, quando, quanto e porquê ler ou não ler literatura. No Brasil, há uma deficiência de políticas públicas de promoção da leitura literária, bem como uma diminuição de investimentos nas políticas públicas de acervo da biblioteca escolar. Ler e ensinar literatura têm se constituído como ações de resistência e de luta contra discursos que promovem a censura de autores, de livros e de leituras. Pensar a formação do leitor literário, em suas várias instâncias, é essencial para uma reflexão sobre as práticas de leitura e de ensino.

Márcio Araújo de Melo é professor da Universidade Federal do Tocantins, campus universitário de Araguaína, coordenador do Programa de Pós-graduação em Letras: ensino de língua e literatura, professor do ProfLetras e membro do GT/ANPOLL Literatura e Ensino.

A volta para casa de Silviano Santiago

Jefferson Agostini Mello (USP)

As teorias estruturalistas tiveram acolhida no Brasil, nos anos 1970, junto a três professores do curso de Pós-graduação em Literatura Brasileira da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Silviano Santiago, Luiz Costa Lima e Affonso Romano de Sant'Anna. A partir delas, eles produziram ensaios e livros e orientaram um bom número de teses de mestrado, formando professores e pesquisadores, muitos dos quais se tornaram docentes das novas universidades públicas que surgiram no período. Em minha comunicação, que é parte de uma pesquisa mais ampla, pretendo discutir a forma que as teorias estruturalistas adquiriram na obra de Silviano Santiago, ao longo das décadas de 1960 e 1970, e de que modo elas se conectam às questões institucionais, teóricas e políticas do período.

Jefferson Agostini Mello é professor associado (Livre-Docente) da Universidade de São Paulo. Atua nas áreas de literatura e cultura brasileiras. É autor de Um poeta simbolista na República Velha: literatura e sociedade em Missal de Cruz e Sousa (Editora da UFSC, 2008) e Literatura e Crítica Literária no Brasil Hoje (Edições Carolina, 2017).

Tópicos antelianos: o estudo crítico em constelação com outras imagens

Rita Lenira de Freitas Bittencourt (UFRGS)

Considerando que ler é resgatar as marcas do que, talvez, nunca tenha sido escrito, pretendo abordar, neste ensaio, em aproximação, intervenção e diálogo, dois artigos do professor e pesquisador Raúl Antelo (UFSC): o primeiro, "La deuda: Albers, Acosta, Augusto de Campos", publicado na revista argentina El taco en la brea, em 2017, e o segundo, do ano anterior, 2016, "Arquifilologias do obscuro (ou quem conta história de dia cria rabo de cotia)", publicado na revista Letras, de Curitiba. Em ambos, a cena artística modernista, latino-americana e marioandradiana, mesmo não sendo o foco principal das reflexões desenvolvidas, acaba por se expor, ainda que elipticamente. Leitor atento aos detalhes e aos movimentos, Antelo percebe a dinâmica contraditória, por vezes antagônica, que permeia nossa modernidade, cuja tradição colonial, escravista e mestiça, insere tempos outros no tempo cronológico e demanda uma crítica complexa, que escave as possibilidades de ler e ver o não lido, não visto, não experimentado, que desacomode os saberes e enfrente/afronte os lugares comuns da teoria e das práticas acadêmicas. Na condição dramatizada de um estudo constelar ou rizomático, dão-se a ver, nesses artigos-lugares, as linhas de força de um pensamento ao mesmo tempo errante e enfático, viajante e capaz de retornar a certas regularidades temáticas que remontam a um longo caminho investigatório.

Rita Lenira de Freitas Bittencourt é professora associada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, áreas de Literatura Comparada e Teoria da Literatura. É autora de Guerra e Poesia: Dispositivos Bélico-Poéticos do Modernismo (EdUfrgs, 2014) e organizadora de vários volumes em parceria, sendo os mais recentes as antologias Blasfêmeas. Mulheres de Palavra (Casa Verde, 2016) e Arquipélagos: Estudos de Literatura Comparada (Class, 2018). Coordenou o PPGLetras da UFRGS, nota 7 na CAPES, de 2017 a 2019. Pesquisa as teorias e poéticas do presente.

Mediação: Andrei Cunha (UFRGS)

 

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