MINICURSOS

Este ano, a ABRALIC oferecerá nove minicursos gratuitos. Para se inscrever, é necessário estar participando do XVI Congresso Internacional da ABRALIC (pôster, ouvinte, comunicação, coordenação). Os minicursos serão oferecidos no campus da Universidade de Brasília (UnB), no dia 15 de julho, das 9h às 16h. Serão oferecidas 30 vagas por minicurso. As inscrições serão disponibilizadas no site a partir do dia 10 de junho.

 

FIGURAÇÕES QUEER NO FIN-DE-SIÈCLE BRASILEIRO (1880-1922)

Prof. Dr. César Braga-Pinto (Northwestern University)

A proposta do minicurso é, primeiramente, fazer um apanhado da crítica queer, particularmente em suas recentes aplicações à literatura do final de século XIX e início do século XX. Daremos ênfase especial à representação de masculinidades queer na transição do Naturalismo ao período da primeira recepção da obra (e da fama) de Oscar Wilde durante a Belle Epoque. Consideraremos então algumas obras de ficção de autores brasileiros, tais como Raul Pompeia (O Ateneu), Adolfo Caminha (Bom Crioulo), Coelho Neto (A Esfinge) e João do Rio (Dentro da Noite), cuja leitura deverá ter sido feita de antemão.

César Braga-Pinto é professor de Literatura Brasileira e Comparada na Northwestern University, na região de Chicago e autor de  A Violência das Letras: Amizade e inimizade na literatura brasileira (1888-1940) (EdUERJ, 2018) e As Promessas da História: Discursos Proféticos e Assimilação no Brasil Colonial (2003).

 

POESIA, POLÍTICA E PÓS-UTOPIA NA POESIA BRASILEIRA: 40 ANOS DE RESISTÊNCIA  

Profa. Dra. Diana Junkes Bueno Martha (UFSCar)

Em 28 de agosto de 1979, a chamada Lei da Anistia foi promulgada. Sendo ampla, irrestrita e injusta, concedeu perdão a torturadores, cavou um abismo entre a memória da ditadura e a reparação efetiva das ações autoritárias e de violência praticadas pelo governo militar, deixando aberta uma ferida que de um lado impede boa parte da sociedade de avaliar os anos de chumbo e sua relação com o estado exceção e de outro escancara a permanência e manutenção de um Brasil desigual que escolhe o autoritarismo para silenciar a luta de classes. Nessa perspectiva, considera-se que a perspectiva benjaminiana da história – aberta, constelar, polifônica promove às análises ganhos importantes, sobretudo porque ao tomar a história como aberta, ao reivindicar o enfrentamento das ruínas, em perspectiva limiar, permite a (re)elaboração de relatos e autoriza-nos a propor a leitura dos poemas tanto como meios de questionamento quanto de reparação, articulando, nos termos de Haroldo de Campos, um movimento pós-utópico. Para Haroldo, a pós-utopia é uma poética da “agoridade, crítica do futuro e de seus paraísos sistemáticos, aberta a uma multiplicidade de passados”. A poética pós-utópica afasta-se do princípio esperança da vanguarda e volta-se ao princípio realidade, sem, no entanto, apegar-se a distopias e anulação das esperanças. A proposta deste minicurso é discutir as relações entre poesia e política tomando como parâmetro algumas das produções poéticas realizadas entre 1979-2019, por autoras e autores de diferentes regiões do país, portanto, desde o ano da promulgação da Lei da Anistia aos dias atuais, com o intuito de avaliar em que medida tais produções resistem, desafiam e/ou respondem ao contexto histórico, seja pela renovação de formas, seja pela retomada de uma leitura da tradição ou da poesia de experiência, que acabam por culminar numa multiplicidade de vozes no cenário atual, extremamente vigorosas e que vão dos poemas ao slam. Ao longo do minicurso serão lidos e analisados poemas em contraponto com curtas, manifestações oriundas das artes plásticas, da poesia popular, entre outras, que permitam traçar caminhos para a compreensão, para além da poesia,  de alguns aspectos do panorama que se desenvolveu, em termos de cultura e arte, no Brasil, nos últimos 40 anos. No momento atual, reacender o debate acerca da função e do compromisso da arte com a memória e com a história, em defesa de uma sociedade democrática, é crucial, sem perder a perspectiva de que a arte preserva sua autonomia, mantendo o engajamento com seus próprios expedientes, a linguagem, as formas e é justamente por meio de tais expedientes que poética, política e pós-utopia se entrecruzam, resistem, existem.

Diana Junkes é professora de literatura brasileira na UFSCar, onde coordena o Grupo de Pesquisas de Poesia e Cultura (GEPOC/CNPq). Dedica-se ao estudo da poesia brasileira contemporânea e, particularmente, à obra de Haroldo de Campos, sobre a qual publicou "As razões da máquina antropofágica: poesia e sincronia em Haroldo de Campos " (Ed. Unesp, 2013).  Possui significativa produção de artigos e capítulos de livros, voltados para os estudos de teoria e crítica de poesia. É autora dos livros de poemas “clowns cronópios silêncios” e “sol quando agora” (2017, 2018 Editora Urutau). E de “asas plumas macramê” (2019 - Editora Laranja Original).

 

MODERNIDADE NA POESIA CONTEMPORÂNEA: O FANTASMA DA SUPERAÇÃO

Prof. Dr. Sergio Bento (UFU)

O minicurso pretende discutir a presença da modernidade literária na produção poética recente - brasileira e estrangeira - enquanto baliza incontornável de referência, o que deflagra tentativas de continuidade, ruptura, distorção e apagamento. O denominador comum de tais posturas parece ser a impossibilidade de ignorar o legado de autores como Baudelaire, Mallarmé, Rimbaud, Pound, ou, no Brasil, Drummond e Oswald de Andrade. Por meio da análise de diferentes extratos poéticos, serão percebidas as variadas modulações do que se considera "moderno" em momentos e locais diversos ao longo das últimas décadas; as apropriações parciais - e por vezes enviesadas -  dos cânones da Modernidade e das vanguardas; e a pluralidade como marca do contemporâneo. As visões de críticos como Michael Hamburger, Alfonso Berardinelli e Marjorie Perloff serão usadas como apoio teórico.

Sergio Bento é Professor Adjunto de Literatura na Universidade Federal de Uberlândia (UFU); doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP), possui capítulos de livro e artigos sobre temas como poesia moderna e contemporânea, tradução literária e relações entre literatura e mundo digital. Coordena o GEPOC (Grupo de Estudos de Poesia Contemporânea) e o projeto de extensão "Poesia para todos".

 

A ARTE DA PALAVRA CANTADA: DINÂMICAS DO IMAGINÁRIO, CONTINGÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS E SINTOMAS DO BANAL COMO PARADIGMA

Profa. Dra. Sylvia Helena Cyntrão (UnB)

As diferentes manifestações da palavra cantada, como voz sintomática dos anseios de comunicação do indivíduo e da coletividade. O caso da canção popular brasileira contemporânea, sob a perspectiva do hibridismo dos sistemas discursivos deslizantes que a constituem, em torno de eixos temáticos e questões ideológicas. A cultura midiática e o lugar socioontológico do artista. A letra da canção  como um produto cultural que manipula um capital simbólico coletivo. A modificação das relações entre arte e realidade e o novo paradigma estendido, gerador de formas esteticamente diluídas de representação banal dos contextos. A expressão simultânea de múltiplas subjetividades partindo de variados centros, dentro de um mesmo espaço geográfico, fenômeno que nos propomos a apresentar sob a luz de um panorama histórico cotejado ao movimento das poéticas do modernismo.

Sylvia Helena Cyntrão é professora titular do Departamento de Teoria Literária e Literaturas do Instituto de Letras da UnB. Atua no Programa de Pós graduação em Literatura , do qual foi coordenadora de 2015 a 2017. Doutora em Literatura brasileira pela UnB, com dois pós doutorados pela PUC-RIO (2008; 2018). É líder do grupo de pesquisa Poéticas contemporâneas, o Vivoverso, e do grupo de pesquisa Textualidades contemporâneas: processos de hibridação. Autora de vários ensaios sobre a canção popular brasileira,  dos livros Como ler o texto poético, caminhos contemporâneos; e de várias coletâneas , como Tropicalismo: a explosão e seus estilhaços (EdUnB); O Verso Vivo de Vinicius de Moraes ( UnB IL-TEL) e Chico Buarque, sinal aberto (7Letras).

 

O DIREITO À LEITURA LITERÁRIA. OU: COMO LIDAR COM O ÓDIO NAS REDES SOCIAIS?

Prof. Dr. João Cezar de Castro Rocha (UERJ)

Em texto merecidamente célebre, “O direito à literatura”, Antonio Candido sublinhou a centralidade do literário na constituição da pólis. O crítico não empresta ao conceito de literatura a ideia estreita de “arte verbal escrita”. Sua compreensão tem ânimo antropológico. Porém, proponho que o desafio atual exige o desenvolvimento de uma nova ideia: o direito à leitura literária, a fim de substituir a ênfase na produção para uma consideração nova do ato de leitura. Contra o ensimesmamento da cultura do selfie, que é sempre uma cultura (quase exclusivamente) de produção e automodelagem, a leitura literária obriga a um engajamento com algo que nos é necessariamente exterior. Seria um modo de superar a cultura do ódio que domina as redes sociais?

João Cezar de Castro Rocha é Professor Titular de Literatura Comparada da UERJ. Autor de 12 livros e organizador de mais de 20 títulos. Seu trabalho já foi traduzido para o espanhol, o inglês, o francês, o italiano e o alemão.

 

OCEANOS, ESCRAVIZAÇÃO MODERNA E MIGRAÇÕES NA LITERATURA CONTEMPORÂNEA

Profa. Dra. Daiana Nascimento dos Santos (Universidad La Plancha)

O curso tem como objetivo problematizar as literaturas e culturas da América Latina, Caribe e África, a fim de estabelecer perspectivas comparativas entre narrativas em espanhol e português e / ou nessas áreas linguísticas / culturais. É por isso que se delimitarão problemas relativos às representações do oceano, tanto na formação do imaginário dessas literaturas e espaço georeferencial, fundamental para relacionar e discutir a escravização moderna e a migração. A ênfase é projetada para o contexto atual, uma vez que esses problemas estão presentes em preocupações geopolíticas globais e nacionais. Neste sentido, busca-se compreender como são concebidas as várias representações do oceano e de que forma os autores a interpelam literariamente, e ainda, como essas imagens são articuladas dentro do imaginário sobre os deslocamentos históricos e atuais; e como afetam o cotidiano das coletividades africanas e afrodescendentes. Para realizar este curso, utilizaremos uma perspectiva interdisciplinar, na qual as contribuições dos estudos literários, históricos, antropológicos e sociológicos são empregadas para analisar o assunto que é convocado nesta proposta.

Daiana Nascimento dos Santos possui graduação em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus-Ba), mestrado em Literatura pela Universidade do Chile, doutorado em Estudos Americanos pela Universidade de Santiago e pós-doutorado pela Universidad de Playa Ancha. É docente e pesquisadora do Centro de Estudios Avanzados da Universidad de Playa Ancha, Chile, vinculada ao Programa de Doctorado en Literatura Hispanoamericana Contemporánea. Coordenadora da Cátedra Fernão de Magalhães vinculada ao Instituto Camoês - PT. Tem experiência na área de Literatura, com ênfase em Literatura Comparada, atuando principalmente nos seguintes temas: representações do oceano, escravidão/escravização moderna e migrações. Cursos ministrados no Brasil, Gabão, Bolívia, Peru, Estados Unidos. Membro da Comisão Editorial da Edwin Mellen Press, Estados Unidos. Artigos publicados em revistas nacionais e internacionais. Foi bolsista do Instituto Iberoamericano de Berlim, do DAAD. do PNPD Capes e de Conicyt/Fondecyt, Chile. Membro do ALADAA CHILE ( Asociación Latinoamericana de Estudios de Asia y África) e do FUCEA (Fundación Centro de Estudios Africanos).

 

LITERATURA E OUTRAS ARTES: UM CAMPO DE ESTUDOS

Prof. Dr. Leonardo Francisco Soares (UFU)

Como o próprio título já denuncia, a minha proposta é situar a inserção da noção de Literatura e Outras Artes, no âmbito da área dos Estudos Literários. Desde o antigo símile atribuído a Simônides de Ceos– Ut picturapoesiserit, quae... –  até os estudos críticos mais recentes (Intermidialidade) – passando pelo ataque platônico, pela sistemática aproximação entre as artes, proposta na Poética, de Aristóteles, pela formulação horaciana e pela releitura desses autores –, o cotejo, a referência mútua entre as artes foi frequente. A própria literatura ocidental, ao longo do século XX, apresenta-se como um espaço de cruzamentos e embates de numerosas e diferentes texturas. Nesse contexto, ganham relevo a pesquisa formal e o privilegiado diálogo com textos advindos de outros sistemas semióticos. Assim, com o próprio desenvolvimento do discurso ficcional e com a intensificação do diálogo entre as artes, aliados às modificações trazidas pelo uso de técnicas industriais na produção artística, os estudos literários foram levados cada vez a mais a refletir a respeito das relações entre as artes, o que se convencionou chamar de estudos intersemióticos. E como esses estudos se acomodam no interior da área de estudos literários?

Num primeiro momento eles irão encontrar salvaguarda no “guarda-chuva” da Literatura Comparada, vertente que irá se firmar na França em fins do século XIX como reação a um nacionalismo limitador dos estudos de literatura. Se, de modo genérico, sem entrar em pormenores, a “babel do comparativismo” designa uma forma de investigação literária que confronto duas ou mais literatura, por baixo dessa noção acabam por se acomodar investigações bem variadas, que adotam diferentes metodologias e que, pela diversificação dos objetos de análise, terminam por conceder à literatura comparada, ao longo do século XX, um vasto campo de atuação. A chamada “Escola Americana” em contraposição à “Escola francesa” terá um papel fundamental na inserção de outros saberes e artes no escopo do comparativismo literário, em especial na figura de René Welleck. Nesse sentido, ganhará espaço nos estudos de literatura a expressão “Literatura e outras artes” para designar pesquisas que propõem o cotejamento do texto literário com a pintura, a música, o cinema, entre outras “artes”.

Nos anos sessenta do século XX, auge do estruturalismo e da semiótica, os primeiros textos de Mikhail Bakhtin são divulgados na França, seus conceitos de polifonia e dialogismo são retomados por Julia Kristeva no livro traduzido para nós como Introdução à semanálise (1969), texto no qual a autora desenvolve a noção de intertextualidade que concebe o texto literário como um “mosaico de citações", movimento de "absorção e transformação de outro texto”, espaço de confluência de linguagens. Com a difusão desses conceitos, o ficcional liberta-se dos mecanismos reguladores de precedência, propriedade ou verdade, e abrem-se definitivamente os caminhos para a interdisciplinaridade e a intersemiose, ampliando-se os limites e promovendo um considerável avanço no campo dos saberes

O que irá se assistir, em nossa área, é um intenso deslocamento tanto dos lugares críticos quanto dos literários. Como adverte FredricJameson, um dos indícios da dissolução de fronteiras e divisões fundamentais, traço marcante da chamada pós-modernidade, é o surgimento de um discurso teórico híbrido, no qual confluem diversas áreas do saber, como a filosofia, a ciência política, a sociologia, a crítica literária: “Hoje, se pratica mais e mais uma espécie de escrita simplesmente denominada ‘teoria’ que, ao mesmo tempo, é todas e nenhuma dessas matérias” (JAMESON, 1985, p.17).

Percebe-se, entretanto, nas últimas décadas do século XX e nas primeiras deste século, um movimento específico. O conceito de Intermidialidade vem ganhando espaço nas discussões acadêmicas a partir de uma perspectiva diferente, mais ampla, e não apenas como um substituto apropriado para a noção de Estudos Interartes. Se a expressão “Literatura e outras artes” denota uma prevalência do texto literário, o campo de Estudos de Intermidialidade não parte da literatura como o ponto de referência dominante, tampouco se ocupa das mídias e seus objetos, ou apenas das artes tradicionais e as novas mídias – muitas vezes de modo forçado compreendidas como formas de “arte” –, mas incentiva e provoca o contato, o diálogo, o cruzamento entre os representantes das diferentes áreas envolvidas.

Uma questão basilar para este minicurso é: a noção Intermidialidade realmente amplia o escopo do que nos trouxe o dialogismo de Bakhtin (1993; 1997), que já continha uma abertura superior sobre o mundo, sobre o texto social, e da proposta da intertextualidade, que contribuiu ainda mais para ampliar o conceito de texto ou apenas vem operar em abstrato a partir de conceitos generalizantes e um exercício taxonômico e classificatório exacerbado?
Leonardo Francisco Soares é professor do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia (ILEEL/UFU) e professor permanente do Programa de Pós-graduação em Estudos Literários – Mestrado e Doutorado do ILEEL/UFU. Possui Mestrado (2000), Doutorado (2006) e Pós-Doutorado (2016) em Estudos Literários, com foco em Literatura Comparada, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Publicou, entre outros, o livro Leituras da outra Europa: guerras e memórias na literatura e no cinema da Europa Centro-Oriental (2012, ed. UFMG), fruto de suas pesquisas de doutorado. Possui artigos publicados em diferentes periódicos do país. Tem experiência na área de Letras, com ênfase nos Estudos Comparados de Literatura, em especial: o diálogo entre a Literatura e o cinema; as formas e processos narrativos nas duas linguagens; o binômio narrativa e Guerra.

ESTÉTICA E TERRITÓRIO: POLÍTICAS PÚBLICAS DE CULTURA NO BRASIL

Prof. Dr. Miguel Jost (PUC-Rio)

A partir de 2003 o poder público brasileiro, em especial durante a gestão de Gilberto Gil no Ministério da Cultura, atuou efetivamente para realizar uma distribuição mais democrática dos recursos do Estado destinados a fomentar e incentivar circuitos de produção cultural. A política do ministério era desconcentrar o seu orçamento, equilibrando uma balança que historicamente pesou a favor da produção oriunda das capitais do país, com foco principal no eixo Rio de Janeiro – São Paulo. Nesse sentido, foram criados mecanismos que possibilitaram o surgimento de novas cenas e a incorporação de agentes que, anteriormente, dispuseram de pouca ou nenhuma estrutura para o desenvolvimento de linguagens estéticas e para construção de suas obras.

O objetivo do minicurso é discutir criticamente como essa reorientação da atuação do estado se reflete no campo das práticas artísticas e como a emergência de novos realizadores modifica de forma contundente os parâmetros do debate cultural contemporâneo contribuindo, inclusive, para um processo de revisão de certos postulados que foram determinantes na interpretação da sociedade brasileira ao longo do século XX.

Miguel Jost é professor do Departamento de Letras da Puc–Rio, é mestre e doutor em Estudos de Literatura por esta mesma instituição. É membro também do grupo de pesquisa “Textualidades Contemporâneas: processos de hibridação” que reúne pesquisadores da PUC-Rio, UNB, UFU, UFJF, UFES e mantém acordo de cooperação permanente com a UMCE do Chile. Em Dezembro de 2016 foi convidado pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados do Congresso Nacional Brasileiro para um debate sobre as políticas públicas de cultura no Brasil e sua reverberação no campo internacional.

 

LEITURAS DE JOVENS E PRÁTICAS ESCOLARES: ALTERNATIVAS METODOLÓGICAS A PARTIR DA GAMIFICAÇÃO E DOS JOGOS DIGITAIS

Profa. Dra. Fabiane Verardi (UPF)

O foco deste curso é a inclusão da gamificação e dos jogos digitais como alternativa metodológica para a formação de leitores. Apresenta a gamificação e os jogos digitais como ferramentas para a educação literária, mostrando suas potencialidades quando aplicadas em processos de ensino e aprendizagem com o objetivo de formar leitores e despertar a imaginação por meio da experiência das atividades propostas. Tais estratégias gamificadas e jogadas, poderão contribuir para uma aprendizagem mais significativa e relevante da literatura, auxiliando os alunos a se tornarem mais participativos e colaborativos nas experiências de leitura propostas. Trata-se de oferecer à escola e aos professores possibilidades de utilização das tecnologias digitais como instrumento de interação com a geração que já nasceu com as tecnologias móveis e o mundo virtual à disposição. Assim, o curso se propõe a criar/apresentar novas maneiras de leitura, sem perder de vista a tradição da literatura impressa ou os teóricos que tratam sobre o assunto, pretende, pela gamificação, uma alternativa metodológica de ensino e de aprendizagem que engendrem um leitor participativo e proficiente em múltiplas mídias. Assim, é neste contexto que o curso se insere e se justifica, na inclusão dos games em diferentes abordagens metodológicas – no caso em práticas leitoras – que contemplem as experiências cognitivas dos alunos e, ainda, propor a utilização da gamificação na educação literária como forma de engajar e motivar os alunos para uma experiência de leitura divertida e significativa. São assumidos como referenciais teóricos os princípios de Gee (2003), Santaella (2013), Carvalho (2017), Deterding (et. al., 2011), Huizinga (2000), Koster (2005), e McGonigal, (2011).

Fabiane Verardi possui graduação em Letras pela Universidade de Passo Fundo (1991), Mestrado em Letras (Teoria Literária) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1999), Doutorado em Letras (Teoria Literária) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2004) e Pós-Doutorado pela Universidade de Coimbra (2019). Atualmente é professora Titular II da Universidade de Passo Fundo, no curso de Letras, no Programa de Pós-Graduação em Letras e Coordenadora das Jornadas Literárias de Passo Fundo. Vice-Coordenadora do Grupo de Trabalho Leitura e Literatura Infantil e Juvenil da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL) (www.gtllij.com.br), biênio 2018-2020. Desenvolve projetos na linha de pesquisa de Leitura e Formação de Leitor, focalizando seus trabalhos na questão da leitura na escola, metodologias de ensino da literatura infantil e juvenil. É líder do Grupo de Pesquisa CNPq: Sobre Ensino de Literatura.

 

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