ORIENTAÇÃO: Dra. Nicia Petreceli Zucolo

RESUMO: Nesta comunicação, intenciona-se investigar a posição de observador de relatos intimistas na qual o conto “Mal traçadas linhas para Deusilene” (1986), de Arthur Engrácio, insere o leitor, além de, a partir do levantamento do contexto social e econômico realizado por Brito & De Moura Maciel (2019), discutir sobre a migração do homem interiorano amazonense para o espaço urbano manauara, experiência vivenciada e registrada em correspondência pelo personagem principal da narrativa. A fim de alcançar os objetivos propostos, será utilizado como escopo teórico o estudo de Marisa Lajolo (2002) acerca do romance epistolar, adequando os apontamentos da autora à modalidade missiva presente no texto que é objeto de estudo da presente pesquisa. O conto ainda carrega aspectos como: as práticas sociais cotidianas de linguagem, refletidas na escrita, permeada por resquícios da oralidade do personagem principal e do narrador; bem como a verossimilhança resultada da apresentação do foco narrativo em primeira pessoa. Ao ler os escritos feitos a Deusilene, personagem destinatária da carta, os leitores têm ciência do testemunho intimista, ou seja, a “escrita de si” investigada previamente por Michel Foucault ([1983] 2004), do narrador- personagem, que aponta as injustiças, violências e desencontros sofridos por este no meio urbano, ocupando assim a posição de observadores da intimidade dos personagens.

PALAVRAS-CHAVE: Arthur Engrácio; narrativa epistolar; clube da madrugada; literatura brasileira.

REFERÊNCIAS: BRITO, Cleiton Ferreira Maciel; DE MOURA MACIEL, Jeanne Mariel Brito. Fábricas selvagens: transformações do trabalho no Polo Industrial da Zona Franca de Manaus. Novos Cadernos NAEA, v. 22, n. 1, p. 137-158, 2019. ENGRÁCIO, Arthur. 20 contos amazônicos. Edições Puxirum, 1986. FOUCAULT, Michel. Ética, sexualidade, política. Forense Universitária, p. 144-162, 2004. LAJOLO, Marisa. Romance epistolar: o voyeurismo e a sedução dos leitores. Matraga, Rio de Janeiro, v. 1, n. 14, p. 61-75, 2002.