ORIENTAÇÃO: Professora Rejane Pivetta

RESUMO: Oswald de Andrade e a sua concepção de Antropofagia foram popularizados nos anos 1960, nos termos de Caetano Veloso, pelos “irracionalistas”, como Zé Celso, na encenação de "O rei da vela", pelos “super-racionalistas” irmãos Campos, através de ensaios críticos e reedições das obras de Oswald, e pelos tropicalistas, que tinham a música e os meios de massa, como o rádio e a TV, para a propagação de suas ideias (VELOSO, 2012). Esta pesquisa propõe investigar os termos dessa popularização, partindo da hipótese de que houve a diluição e mesmo distorções do conceito de Antropofagia, a partir da propagação de uma vertente que se tornou mais popular da obra de Oswald (um conceito de “canibalismo cultural”), em detrimento a uma vertente menos difundida (o ato antropofágico ritual). Caetano Veloso, em ensaio sobre a “Antropofagia”, num tom de defesa, afirma: “eu próprio desconfiei sempre do simplismo com que a ideia de antropofagia, por nós popularizada, tendeu a ser invocada.” (VELOSO, 2012, p. 55). Assim, esta investigação tem como objetivo compreender de que forma a mesma popularização que tirou Oswald de Andrade, enquanto autor, do ostracismo ou do esquecimento, afastou-se de parte de suas ideias, ou da essência de sua filosofia antropófaga, criando uma série de confusões quanto a conceitos centrais, tais como assimilação, diferença e alteridade. Será realizada uma revisão bibliográfica, a partir de recortes de intelectuais, sejam acadêmicos ou não, que auxiliem na explicitação dos dilemas de uma apropriação pop da Antropofagia, na esteira da ausência de uma tradição letrada na formação do sistema literário e do público leitor no Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Antropofagia; Oswald de Andrade; tropicalistas; Caetano Veloso.

REFERÊNCIAS: VELOSO, C. Antropofagia. São Paulo: Penguin Classics; Companhia das Letras, 2012.