ORIENTAÇÃO: Luciana Paiva Coronel

RESUMO: Antes do passado: O silêncio que vem do Araguaia, é uma obra em que a narradora busca refazer os passos de Cilon Cunha Brum, que ainda hoje é um dos muitos desaparecidos políticos, com a intenção de restaurar a memória de seu tio. O massacre ocorrido no Bico do Papagaio entre os anos de 1972 a 1974 ainda hoje é uma fenda obscura na história de nosso país. Ao longo do seu percurso, a narradora busca atualizar sua avó, mãe de Cilon, com cartas e lembranças coletadas a partir de pessoas que conviveram com seu filho. À literatura coube restituir os traços doces e amáveis de Cilon através dessas cartas endereçadas a vó Lóia: "Foi tão bom poder recordar o tio Cilon desse modo. Por isso trouxe, para compartilhar com a senhora, esses traços tão esquecidos seus e perdidos no doer [...]. Por isso trago para a senhora notícias dessas viagens em que vou registrando as pessoas e as marcas do tio Cilon nelas." (BRUM, 2012. p. 57). Para a autora, a escrita cumpre um papel restituidor, como também, uma simbolização do luto, que nesse caso deixa de ser interminável não possuindo um desfecho sem a presença do corpo para finalizar o rito de morte. Para o crítico Roberto Vecchi, "A literatura cumpriu o papel de restituição e reconhecimento que a política ainda não conseguia alcançar." (VECCHI, 2020).

PALAVRAS-CHAVE: Araguaia; literatura; restituição.

REFERÊNCIAS: BRUM, Liniane Haag. Antes do passado: o silêncio que vem do Araguaia. 1. ed. Porto Alegre, RS: Arquipélago Editorial, 2012. 272 p. VECCHI, Roberto (2014). O passado subtraído da desaparição forçada: Araguaia como palimpsesto. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, n. 43, p. 133-149, jan./jun. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/9950/8788. Acesso em: 22 jul. 2021.