A voz dos excluídos na Amazônia Paraense foi sentida pelo escritor Dalcídio Jurandir (1909 – 1979), que a transportou para a ficção, por meio da produção de um extenso trabalho literário, consolidado em dez romances, reunidos no Ciclo do Extremo-Norte (1941 – 1978). Neste ciclo, o escritor marajoara vai mostrar as faces de uma Amazônia derruída, segundo Furtado (2010). As mazelas desta sociedade serão representadas ficcionalmente por prostitutas, bêbados, doentes, pobres, velhos, crianças e negros para dar vida à proposta social do escritor, que é reforçada na contribuição de Candido (2004) sobre a importância da literatura para estas comunidades, além do aprofundamento sobre as questões de analfabetismo e subdesenvolvimento discutidas em Candido (2011). Desta forma, optou-se em dar relevância nesta pesquisa, ao primeiro romance dalcidiano Chove nos campos de Cachoeira (1941), que relata um pedido de socorro dos miseráveis moradores da ilha do Marajó em prol de educação e ensino de qualidade, já que estes ficam afastados de forma social, cultural e geográfica, em relação à Capital do Pará e ao centro cultural do país. Dalcídio Jurandir focaliza esta comunidade para dar voz e mostrar artisticamente os conflitos e angústias de uma população miserável.