A peça de teatro Hosanna, do escritor quebequense Michel Tremblay, guarda todo o vigor de sua atualidade, muito embora tenha sido encenada pela primeira vez em 1973. Nela presenciamos as lamúrias de uma drag que tem sonhos hollywoodianos, que se alimenta de divas, como Elisabeth Taylor. Hosanna, cujo nome real é Claude, procura acertar os ponteiros com seu companheiro, depois de passar por grande vexame em festa gay. A língua de Hosanna é a língua falada pelos francófonos de Montréal, uma língua repleta de referências católicas, anglicismos e empréstimos do inglês. Uma língua cuja ortografia é marcada pelo oral, pelo joual do Québec. Desse modo, haveria a construção de uma correlação entre o hibridismo da língua, a diversidade sexual da qual Hosanna e seu companheiro são representantes e as questões identitárias do Québec? Partindo-se da história recente do Québec e da teoria queer, busca-se avaliar a ressonância da língua falada na peça por meio da análise do discurso. A língua falada em Hosanna possui os traços da resistência católica à pressão anglófona ao mesmo tempo que assimila paradoxalmente o inglês.
Palavras-chave: Teatro quebequense. Francofonia. Diversidade sexual.