Nesta comunicação, propomos revisitar o romance D. Narcisa de Villar (1857), de Ana Luísa de Azevedo Castro, a fim de demonstrar de que modo a narradora constrói o casal protagonista repensando/decompondo os papeis de identidade de gênero no contexto oitocentista, uma vez que questiona o lugar destinado ao feminino pela sociedade patriarcal em que é contada a narrativa. Para esclarecer essa redefinição de papeis, a narradora criada por Castro apresenta um modelo de feminino agressivo e combativo – o que foge a qualquer padrão feminil do século XIX (cf. Telles, 2000), estabelecendo, assim, uma estrutura social em que a protagonista, Narcisa, luta para defender o seu amado e desafio o lugar que lhe fora imposto por seus irmãos, representantes do patriarcado. Deste modo, a narradora questiona os privilégios masculinos, o sistema de valores machista que aprisiona a mulher e empodera a figura feminina naquela narrativa, contrapondo-se a um modelo de literatura predominantemente sexista em que está inserido o romance naquele contexto. Para tanto, como suporte teórico, recorremos à leitura de Beauvoir (2008), Zolin (2009), Ramalho (1999) e Castañeda (2006).
Palavras-chave: D. Narcisa de Villar. Empoderamento feminino. Romance oitocentista.