Azul-corvo (2010), quinto romance da escritora brasileira Adriana Lisboa, e Nunca voy a escribir uma novela (2012), primeiro romance publicado pela escritora argentina Graciela Cariello, constituem duas narrativas contemporâneas caracterizadas por um traço comum. Elas convocam diversos gêneros textuais: carta, e-mail, chat, relatório e verbete enciclopédico, dentre outros. O recurso aos hipogêneros constitui uma estratégia que mantém as narrativas em andamento. Esses gêneros textuais convocados são pequenas ficções que estabelecem um diálogo intertextual dentro dos romances. Este trabalho objetiva analisar a função desses hipogêneros, entanto recursos ficcionais, dentro dos respectivos enredos, verificando sua relevância no desenvolvimento da história e suas implicações nas ações das personagens. Além da particularidade construtiva mencionada, o romance Nunca voy a escribir uma novela inclui poesia da própria autora e fragmentos do gênero ensaio. No caso de Azul-corvo, o gênero diário de viagem surge entrosado na narrativa, como um recurso a mais que contribui para a progressão da história. A fundamentação teórica da nossa análise alicerça-se nos conceitos propostos por Jean-Paul Bronckart em Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo, nos trabalhos de Mijail Bakhtin reunidos em Estética de la creación verbal e nos estudos realizados por Florencia Miranda e vertidos em Textos e gêneros em diálogo. Uma abordagem linguística da intertextualização.