O presente trabalho intitulado Estilhaços no tempo frágil das horas: os rastros da história na narrativa de Luzilá Gonçalves Ferreira têm como objetivo ressignificar a personagem histórica Antônia Carneiro da Cunha, retomada na narrativa de No Tempo frágil das horas (2003). O citado romance reconstrói um mundo criado a partir de arquivos, onde o tempo consignou o seu sentido. Luzilá reinventa os contextos históricos como sendo significantes e determinantes, mas sem negar a textualidade, pois o sentido e a forma encontram-se nos sistemas que transformam esses acontecimentos passados em fatos presentes. A textualidade é reintegrada na história e nas condições sociais e políticas do próprio ato discursivo. Por meio de O tempo frágil das horas, a autora nos diz que os discursos históricos que envolvem Antônia Carneiro da Cunha configuram uma metaficção historiográfica, uma vez que analisa e rebate a realidade histórica e mostra que, se não é admissível apreender essa realidade histórica que pertence ao passado, é possível, ao menos, recriá-la no presente. O passado vai sendo arranjado ao longo da narrativa; o passado é reapropriado por Luzilá pondo em destaque as grandes dificuldades de nossa época, na qual a ideologia se torna instrumento agenciador de uma crítica mordaz e corrosiva do texto histórico. Metodologicamente o trabalho divide-se em dois momentos: no primeiro versaremos sobre a relação da Literatura com a história; no segundo momento comprovaremos como a personagem Atonia Carneiro é ressignificada na narrativa da autora em estudo. Para este artigo, utilizaremos como aporte teórico Linda Hutcheon (1991), Hayden White (2001),Paul Ricoeur (2010), entre outros que serão referenciados neste estudo.
Palavras-chave: Narrativa Literária. História. Personagem.