A partir de reflexões teóricas de base antropológica, o trabalho tece considerações acerca de enquadramentos eticamente pertinentes para a análise de trabalhos de mediação literária, mais especificamente das oficinas literárias elaboradas pelos cinco grupos que compõem a equipe do subprojeto de Português-Literaturas no Pibid-UFRJ, visando construir subsídios para um segundo momento de pesquisa, em que se buscará responder às seguintes questões motivadoras: Como os graduandos compreendem e exercem a posição docente na escola no que se refere à literatura? Que representações do literário, por um lado, e do processo de ensino-aprendizagem escolar, por outro, marcam presença nos planejamentos e nas atividades desenvolvidos pelos grupos? De que maneira as relações entre o repertório canônico da literatura e os demais repertórios culturais são entendidas e se inscrevem nos desenhos das atividades? O que nos dizem sobre essas relações os gêneros e intertextos mobilizados nos trabalhos realizados, e os modos como o são? Como estratégia metodológica para este momento de fundamentação, tomaremos as expressões “letramento literário” e “formação do leitor” como portadoras de conotações, embora complementares, distintas. Enfatizando intencionalmente a divergência, diremos que “letramento literário”, na esteira dos estudos linguísticos e antropológicos sobre o letramento, pressupõe uma aproximação que envolve a dimensão afetiva, culturalmente enraizada, do aprendiz, enquanto que em “formação do leitor” a consideração desse processo pode ceder lugar à ideia de preparação como reunião de condições para que a leitura realizada esteja “de acordo” com o texto a ser lido. Com tais balizas, pretendemos nos preparar para reconhecer e pensar criticamente os investimentos docentes realizados no âmbito do projeto, com o objetivo de contribuir para a discussão sobre a formação do professor para o trabalho com a literatura.