O objetivo do texto é expor resultados preliminares da pesquisa de doutorado que realizo junto ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo. Trata-se do estudo de algumas instâncias de criação, difusão e consumo de bens literários, os saraus, que há mais de uma década vem ecoando nas periferias paulistanas e modificando as dinâmicas artísticas desses espaços. Esse movimento foi determinante para a expansão da recente literatura marginal e tem como força propulsora, justamente, experiências culturais no espaço urbano, a partir das quais algumas comunidades periféricas ressignificam a cidade através da literatura. A questão que exploro, aqui, é que, embora não se enquadrem nas hierarquias simbólicas e nos locais tradicionais de consagração, os saraus parecem exercer hoje papel determinante na formação e projeção de novos escritores oriundos de bairros pobres da capital. Esses novos atores sociais vêm assumindo, cada vez mais dinamicamente, um papel central de mediação em cenários de tensão no espaço urbano, servindo como instrumento de confronto em que a experiência pessoal atua como base para interpretar a experiência coletiva.
Palavras-chave: Produção Literária. Saraus. Periferia. São Paulo.