Luana Cristina da Silva Candido (UFPE), Janaina de Lima Ferreira (UFPE)
Este trabalho tem como objetivo investigar a perda da imagem dos corpos pretos através da relação transatlântica entre imagens e palavras. Para isso, ancorada na narrativa de alguns poemas de Beatriz Nascimento, a metodologia consiste em analisar o filme Ôrí de Raquel Gerber (2009) como meio para compreender a adaptação, assim como, uma ferramenta de denúncia à subalternização dos sujeitos pretos na diáspora e em África a partir da universalização de estereótipos colonialistas e escravocratas. A película Ôrí elucida e problematiza manipulações históricas acerca da escravidão propagadas com teor de verdade universal. A partir da narrativa de imagens apresenta um Brasil que constantemente é escondido, reivindica um território ligado à África e reconstrói imagens do quilombo, das religiões de matriz africana e do próprio corpo preto como mecanismo que liga as memórias e as culturas à uma terra distante, mas, que se faz presente pelo contato com o espaço. Para embasar nossa investigação, essas discussões estarão alicerçadas nas proposições teóricas de Cesar Guimarães (1997), Nagib e Jerslev (2014), Spivak (2010), bell hooks (2019), Bachelard (1993), Lagny (2009), dentre outros.
Nesse sentido, compreendemos a perda da imagem desses corpos como estratégia operante dos poderes coloniais, ressaltamos, também, a importância das produções cinematográficas como o filme Ôrí, que atua de forma imprescindível na desconstrução das narrativas universais e segregacionistas.