Os romances Vida interior (2008) do escritor argentino Federico Jeanmaire e Chronique de la dérive douce (1994) do escritor haitiano-quebequense Dany Laferrière relatam as viagens realizadas pelos seus protagonistas. Em Vida interior, o personagem vai a Oaxaca, México. Durante os três dias que permanece na cidade, deambula pelas ruas e praças, observando os habitantes, tentando entender muitos dos seus costumes. Porém, esse olhar em perspectiva, que se quer às vezes panôptico, traça uma elipse para acabar escrutando os labirintos da interioridade do próprio protagonista. Em Chronique de la dérive douce, os motivos da viagem são bem diferentes. O jovem protagonista do relato, jornalista em Porto Príncipe, empreende uma viagem obrigada fugindo da morte decretada pelo ditador Baby Duvalier. O ponto de chegada é a cidade quebequense de Montreal. Laferrière relata as vivências que o jovem migrante experimentou ao longo do primeiro ano do exílio em Montreal. Comparar-se-ão os dois textos com o intuito de confrontar os modos em que as experiências das viagens vivenciadas pelos seus protagonistas inscrevem-se na forma mesma das narrativas.