Esta comunicação tem como objeto de estudo os cantos-poemas, uma expressão poética oral do quilombo de Helvécia, no Extremo Sul da Bahia, um recorte da tese Vozes e versos quilombolas: Uma poética identitária e de resistência em Helvécia, defendida em 2014, na Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Os cantos-poemas, construídos a partir de experiências intersubjetivas, e vocalizados por negras cantadoras, ora são respostas, ora são questionamentos às circunstâncias históricas, socioafetivas e aos confrontos da vida cotidiana. Descrever e analisar essa poética no que traz de expressões que lidam com a representação da herança africana, suas identidades, ressignificações e resistência se constituem objetivos norteadores dessa comunicação. Os cantospoemas, como instrumento poético, de lutas e sacralidade, acionam memórias do tempo vivido e do contado e, quando vocalizados pelas cantadoras ao toque do tambor deitado, ganham corpo, ritmo e significação nas performances do bate-barriga, do embarreiro, ao explicitarem histórias ancestrais, conflitos, amores e trabalho. Contextualmente, os cantos-poemas ilustram o sentido da voz em Helvécia, negociações, reflexões e lutas pela cidadania e pela liberdade desde a Colônia Leopoldina, uma sesmaria constituída em 1818 e da qual se originou o quilombo de Helvécia. Destaca-se nessa comunicação, o papel que o canto-poema revela, a partir de seus discursos poéticos e vozes sociais, em relação a helvécia, sua história e sua gente, suas identidades.
Palavras-chave: Cantos-poemas. Poética. Bate-barriga. Quilombo de Helvécia.