Com este trabalho pretendemos demonstrar como os poetas brasileiros João Cabral de Melo Neto e Paulo Henriques Britto discutiram o fazer poético a partir, essencialmente, de seus metapoemas. O primeiro é poeta consagrado nacional e internacionalmente e, constantemente, objeto de estudos e pesquisas. Situa-se entre os maiores poetas de língua portuguesa, tido, dado seu rigor construtivista, como o poeta geômetra. O poeta Paulo Henriques Britto surgiu nos anos de 1980 e sua poesia logo chama a atenção da crítica à vista da singularidade de sua proposição poética. Sua poesia retoma as formas clássicas de elaboração do poema, essencialmente o soneto, e com elas passa a dialogar indo da restauração pura e simples à implosão e reinvenção das mesmas. Paulo Henriques Britto, como o foi João Cabral, é um poeta permanentemente inquieto – consequentemente instigado a discuti-la – com a questão do fazimento da poesia, do poema. Tomando por base, principalmente, os estudos jackobsonianos em Linguística e Comunicação (1970), barthesianos em Elementos de Semiologia (1971) e “Um conceito de metalinguagem na poesia brasileira”, ensaio de Gilberto Mendonça Teles, publicado em seu livro Retórica do Silêncio I (1989), discutiremos, neste texto, como esses dois poetas desenvolvem essa questão, sobretudo, metapoeticamente.
Palavras-chave: João Cabral. Paulo Henriques Britto. Metapoesia.