Este trabalho propõe-se a apresentar um breve estudo do conto "As marcas do real", de Modesto Carone, publicado em 1979, no livro homônimo no qual a experiência literária se diferencia de certos modelos de texto predominantes no boom do conto da década de 1970 no Brasil, e reeditado em 2007, em Por trás dos vidros. Construído a partir da escolha dos eventos mais essenciais da vida de Georg Trakl, poeta austríaco de língua alemã do início do século XX, o conto apresenta uma linguagem precisa e poética vinculada a uma realidade absurda, devido ao seu momento de desintegração. Todas as sequências que se sucedem no texto, extraídas do mundo real, remetem à intensificação do absurdo da realidade diante da percepção sensível do poeta. É nessa realidade em destruição que o poeta se constrói. Diante disso, procura-se observar como Modesto Carone, partir desse personagem extraído da memória da literatura, escreve esse conto no qual um mundo complementar à realidade histórica, as ruínas da modernização do capitalismo, está representado.
Palavras-chave: modernidade; crítica e interpretação; conto; Modesto Carone.