A personagem Joana (e a escrita clariceana) não se adéqua às imposições ditadas pela sociedade a sua volta, mantendo sua imprecisão e perpétua metamorfose. O "eu" no convívio com o "outro" parece ser uma das problemáticas apresentadas no romance inaugural de Clarice (LISPECTOR, 1986), sendo Joana, portanto, ponto de partida da análise enviesada para suas relações com os outros. A partir da relação de alteridade (ou outridade, conceito que pressupõe a categoria do outro, do diferente de si), isto é, da relação entre a protagonista e os outros personagens, este artigo busca assinalar o desamparo da heroína no processo de construção social de si mesma diante do olhar do Outro, considerando que, assim como Benedito Nunes salienta, as situações de conflitos intersubjetivos no romance em questão apresentam os outros personagens como "simples mediadores", constituindo o que ele chamou de "polos de atração e repulsa da consciência em crise" da protagonista (NUNES, 1995).